tag:blogger.com,1999:blog-39160581703547086722023-07-18T01:53:51.284-03:00void chapter();I think void is a pretty cool guy, eh sends things to nowhere and doesn't afraid of anythingRyuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.comBlogger11125tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-74956416820153868002010-09-04T18:48:00.003-03:002010-09-04T18:51:17.039-03:00Taháinn - O Sacrificio (parte 3)<div style="text-align: justify;">Ruslan foi o primeiro a agir. Podia não ser um guerreiro, no entanto era rápido no pensamento e sabia que lutava contra um oponente formidável. Sua mente astuta – treinada com anos de pratica na politicagem de Riddarie – avaliou rapidamente sua condição e logo soube que precisava fazer o primeiro movimento, explorar a vulnerabilidade do irmão que fora criada pelo Fäinnur. Decidiu investir em carga contra seu adversário para então recuar rapidamente, tentaria derrubar o irmão e torcia para que seu próprio corpo destreinado e exausto agüentasse as intempéries de um combate. Respirou fundo e então correu em direção ao inimigo, com a espada levantada acima da cabeça e soltando o mais alto brado que conseguiu produzir com seu pulmão exaurido, procurando encontrar coragem e forças. Sem que notasse, era ajudado pela estranha magia das rochas verdes, que pareciam apenas querer a discórdia.<br />
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<a name='more'></a>O nobre galgou rapidamente grande parte da distancia que o separava de seu irmão, seu berro continuo era aumentado em muitas vezes pelo eco da caverna e, junto com a raiva que sentia, o impulsionava adiante. Por duas vezes tropeçou sem cair, pois aumentou ligeiramente o ritmo de suas passadas, fazendo com que seguisse em frente numa carreira desregular. Esperava pegar o irmão de surpresa, devido ao seu ímpeto digno de um combatente ensandecido, e finalizar aquilo com apenas um golpe. Sua expectativa não se cumpriu, pois, mesmo ferido e cansado como se mostrava, Taháinn ainda era um dos maiores cavaleiros de Riddarie, de modo que encontrou facilmente uma resposta para o movimento do nobre.<br />
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Mesmo com a necessidade de usar a espada como apoio para se locomover Taháinn não precisava de tal ajuda para manter-se parado, de modo que pode utilizar Köulard para o que ela realmente fora feita. Por mais que o estorvo em forma de bebê que estava aninhado em seu braço esquerdo impedisse o uso desse membro, não teria dificuldades para empunhar sua espada bastarda, tal tipo de arma, típica da cavalaria, podia ser usada com uma ou ambas as mãos. Não sentiu dificuldades em usar a Köulard, afinal, a despeito do seu ferimento exibindo uma certa, embora limitada, maestria.<br />
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Taháinn firmou-se no chão, ignorando a dor que a perna sofria, e postou-se em uma base sólida, preparada para agüentar empurrões. Então torceu o pulso para cima e puxou-o para perto do peito, apoiando rudimentarmente o cabo de sua espada no tórax da armadura, dessa forma direcionando a ponta da lâmina para o homem que corria. Caso estivesse em plena forma não se valeria de tais peripécias, no entanto na posição horizontal qualquer espada cobra o seu peso – ainda mais se tratando de uma bastarda como Köulard, maior em comprimento que o normal – por isso temeu que não agüentaria segurar a arma por tempo o suficiente caso simplesmente estendesse o braço, devido ao cansaço físico e à perda de sangue que há muito começara a afetar suas forças. Mesmo com sua invencionice ele não conseguiria manter a ferramenta de morte naquela posição por mais que um minuto, mas era tempo suficiente para que Ruslan fosse forçado a desistir de sua carga, embora se aproximando bastante, coisa que era parte da estratégia do guerreiro já que não precisaria gastar suas escassas energias se deslocando para um contragolpe.<br />
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<i>Ó, Mãe Escuridão, fortalece-me.</i><br />
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Um som arrastado se fez ouvir na caverna quando Ruslan apertou seus calcanhares contra o solo pedregoso para que conseguisse evitar ser atravessado como carne em um espeto. Seu brado foi silenciado de seus lábios, mas ainda era ouvido, carregado pelo eco da gruta. Conseguiu parar a vinte centímetros da ponta da espada de seu irmão e em uma rápida avaliação constatou que este não poderia sustentar sua arma na horizontal por muito mais tempo, por isso Ruslan aguardou até que o adversário baixasse Köulard. Ele respirou fundo e manteve o peito estufado, crispou os lábios em uma fina linha, canalizando sua raiva e forças para o golpe que viria. O guerreiro à sua frente baixou a espada, roçando sua ponta no chão e deixando o braço reto ao lado do corpo, dessa forma abrindo passagem para um ataque. O nobre impeliu seu corpo para frente com um pequeno salto e sua espada perfez um arco da esquerda para a direita, visando à parte desprotegida do pescoço que ficava no lado destro de seu inimigo.<br />
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Como guerreiro experiente, Taháinn não teve dificuldades em bloquear o corte que tentava lhe decapitar. O cavaleiro sabia que seu irmão não ousaria atacar pela esquerda já que era ali que o bebê estava aninhado em seu braço e que provavelmente tentaria um lugar óbvio, como o pescoço. Ruslan – devido à falta de técnica – não percebeu que sua tentativa de terminar a luta poderia ser frustrada facilmente caso o inimigo perfizesse um simples girar de pulso e um puxão para cima deixando a espada em pé, desta maneira jogando sua arma para o lado e abrindo sua guarda. Estratégia a qual Taháinn se valeu. <br />
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O choque das duas espadas produziu um canglor tão familiar ao portador de Köulard – homem mais do que acostumado em agüentar o tinir de sua arma ao encontrar uma peça inimiga – que Taháinn se exaltou, inspirando-se em antigas escaramuças pelo calor do combate, e então, como de costume em um confronto corpo-a-corpo, tentou chutar o adversário para desequilibrá-lo e assim facilitar ainda mais sua resposta. Porém, devido ao ferimento em sua perna, não conseguiu move-la, parando assim que sentiu o músculo da coxa reclamar. Tudo o que conseguiu foi sentir dor, fazer uma careta e perder uma boa oportunidade de terminar aquele embate.<br />
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Assim que Ruslan perdeu a sua chance segurou com mais força o cabo da espada, pois quase a perdera quando teve seu golpe aparado. Estava irritado, pois tinha consciência do perigo que corria e do desnível de habilidade entre ele e o irmão, sem contar a diferença entre o tamanho das espadas: coisa que até mesmo ele sabia ser um enorme diferencial em uma batalha. Sua única chance repousava no fato de Taháinn não poder se locomover e possuir um profundo ferimento, portanto, Ruslan sabia, deveria desferir uma serie de ataques, mesmo que ineficazes, e minar as energias do inimigo. Pensou por alguns instantes sobre como deveria atacar, mas na realidade não tinha muita escolha, já que, seu filho era mantido refém no membro esquerdo do inimigo. Então, escorregou a espada para o lado, passando por debaixo do braço que segurava a ameaçadora Köulard e tentou atingir a parte desprotegida do flanco do irmão.<br />
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Novamente o golpe foi aparado, bastando para Taháinn torcer a mão para baixo. O barulho de metal se chocando se fez ouvir novamente, mas dessa vez Ruslan não deu tempo para o irmão sequer pensar em uma contra-medida, sabendo que sua vantagem residia na velocidade desferiu uma serie de golpes rápidos, nenhum destinado realmente a tirar sangue do inimigo apenas exauri-lo. Porém, o cavaleiro caído não era iniciante. Além de não ter cedido nenhum centímetro de espaço e ter bloqueado com maestria todos os ataques-finta do irmão, achou uma pequena brecha analisando a quantidade de golpes desferidos antes de uma pequena pausa, e, num estante em que o inimigo chegou mais perto, acertou seu nariz com as costas da manopla.</div><div style="text-align: justify;"><br />
<i>Ó, Mãe Escuridão, alegra-me.</i><br />
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Ruslan deu alguns passos para trás, desnorteado. Sentia uma quentura descer até o queixo. Nunca havia recebido nem mesmo uma tapa no rosto e agora sua cabeça girava. Cambaleou para os lados como um bêbado andando para trás, devido à tontura que lhe acometera, e então, estando a uma distancia segura de Taháinn, levou as mãos até o nariz, verificando se o mesmo havia quebrado. Não achou que houvesse, de fato, fraturado o osso nasal, tivera sorte por seu inimigo não estar no melhor estado físico e não ter podido mover-se para frente, do contrario estaria se contorcendo de dor, com o rosto desfigurado pelo golpe aplicado com o metal da armadura e sua tontura só terminaria quando o golpe de misericórdia lhe enviasse para os braços de Sjelkard.<br />
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Mesmo sem ter tido grandes ferimentos em sua face, o nariz do nobre recebera uma forte pancada e agora sangue escorria até o seu pescoço. Ele ficou irado, jamais alguém havia lhe batido e não se lembrava da ultima vez em que sangrara. Balançou a cabeça para afastar a tontura e surpreendentemente este ato pareceu funcionar. Seus lábios ensangüentados se contorceram para formar um padrão que representava fúria e novamente só tinha olhos para sua vingança contra o irmão. Este, mesmo cansado e meio-morto, exibia um risinho de escárnio. Ruslan, desta vez atacou por puro impulso – sem contar com a ajuda emocional da mágica das pedras esverdeadas – jogou o braço da espada para trás e, com o grito mais forte e medonho que dera em toda a sua vida, lançou-se para frente, certo de que dessa vez conseguiria atingir um ponto que ficava nas axilas do inimigo, aberto pela posição do braço do cavaleiro e desprotegido por sua resistente armadura de placas. Caso Ruslan ali acertasse, além de causar uma intensa hemorragia, impossibilitaria Taháinn de utilizar sua tão perigosa espada.<br />
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A tentativa nem mesmo assustou o cavaleiro, na verdade ele contava com ela. Assim que seu irmão tentou atingi-lo em um ponto vulnerável – que fora devidamente deixado à mostra para incitar tal ato –, terminou de levantar o braço da espada para cima, deixando-o completamente na vertical e segurando Köulard para trás, então girou a cintura e o tórax para o lado direito. Tal movimento acabou fazendo com que o golpe de Ruslan raspasse inofensivamente num canto do peitoral da armadura e deslizasse pelo lado de Taháinn, sem causar nenhum dano. O cavaleiro, vendo que sua armadilha havia funcionado, rapidamente baixou o braço direito e o inclinou um pouco para trás, com isso conseguindo prender o pulso do irmão entre o bíceps e a lateral da armadura. <br />
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A espada do cavaleiro, formando um ângulo agudo em relação ao membro de seu portador, tocava, com sua ponta, a garganta de Ruslan. O nobre tentou desesperadamente desvencilhar-se do aperto de Taháinn, mas nada conseguiu. Parou de se mexer quando o irmão pressionou a afiada extremidade da bastarda, fazendo algumas gotas de sangue escorrerem do pescoço do nobre e juntarem-se com os filetes, ainda molhados, que escorriam preguiçosamente do nariz ferido.<br />
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O nobre, desesperado, acreditava infantilmente que ainda tinha chances, pois Taháinn parecia ponderar sobre qual destino decidiria dar-lhe. No entanto, quando o adepto da política olhou, com cautela, para os olhos do guerreiro percebeu que ali não havia pena, apenas uma clara satisfação em manter a vida de uma pessoa refém da ponta de sua espada. Naquele olhar Ruslan percebeu a enorme quantidade de almas que já haviam perecido sob aqueles mesmos olhos calmos e inexpressivos, olhos de um assassino. Subitamente o lugar pareceu ficar mais frio, mas mesmo assim o suor do nobre descia à cântaros, misturando e diluindo o sangue que havia em seu rosto e pescoço, fazendo com que seus ferimentos ardessem. A coragem que a magia das rochas verdes e malignas lhe proporcionava estava indo embora, elas já estavam satisfeitas e não mais precisavam se alimentar das emoções do lugar. Todo o pavor que deveria ter sentido desde o início, quando os dois se encontraram, voltaram aos borbotões. </div><div style="text-align: justify;"><br />
<i>Ó, Mãe Escuridão, atende-me.</i><br />
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Ruslan começou a tremer de medo sob a ponta da espada. Ficou claro para ele que desde o inicio daquele combate não tinha chances de derrotar o irmão. Em pânico, sabendo que a morte não tardaria, largou sua própria arma e começou a se debater, tentando libertar-se. Não conseguiu mover seu pulso nem um milímetro e a cada vez que se esticava para trás e voltava para frente um novo ferimento superficial, se formava em seu pescoço, começando a encher de sangue a gola de sua cara camisa. Em um determinado momento, em que o ele fez mais força do que nas outras tentativas, Taháinn afrouxou o aperto. <br />
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O nobre foi projetado para trás devido a inércia produzida pelo seus esforços. Sem conseguir reagir de modo apropriado, acabou por tropeçar em seus próprios pés para então cair dolorosamente com as costas no chão. Ele podia ter fugido, podia ter se virado engatinhado e então corrido até onde suas pernas o levassem. No entanto não o fez. Estava aterrorizado demais para esboçar qualquer reação e isso estava estampado em seu rosto, fazendo com que se nobre aparência se desfizesse e revelasse um tolo. Não conseguindo fazer nada e nem mesmo tendo a consciência de que algo podia ser feito, limitou-se a, atônito, observar Taháinn ir mancando até onde estava.<br />
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– Foi na viagem de volta que eles começaram... Os sonhos. – Disse o cavaleiro enquanto se arrastava em direção ao irmão. – Eu não entendia no inicio, e nem queria entender. Achava que havia sido amaldiçoado ou algo parecido. Via imagens estranhas. Escuridão, fogo, morte. Me via matando pessoas e mesmo nos sonhos eu sabia que eram do meu próprio povo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
A cada pequeno passo que ele dava a extremidade de sua espada tocava o solo pedregoso, fazendo um barulho metálico que se propagava pelas paredes da gruta... A cada passo que ele dava... Ruslan tremia.<br />
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<i>Ó, Mãe Escuridão, observa-me.</i><br />
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– Eu repudiava aqueles sonhos. Achava-os maus e temia que se realizassem. Com o tempo, em meio às imagens turbulentas, uma mulher aparecia, a mais bela mulher que eu vi, e eu soube que ela era Mirkhoên. Ela me acalentava, dizia que para eu nada temer, dizia que iria me proteger e que em seu nome eu faria coisas grandiosas. A partir daquela época meu amor por Ilidryn começou a diminuir. Os sonhos já não eram castigos, passei a tolerá-los... e logo a esperar por suas deliciosas vindas.<br />
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Estacionou onde Ruslan estava e, apontando sua espada para o peito do irmão, continuou a falar.<br />
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– Cheguei à Boltháir já com ódio no coração. Os sonhos me ajudaram a ver como eu fora destratado e ofendido. Mostraram-me que o povo a quem eu servia era interesseiro, mesquinho e nada queriam de mim além do meu sacrifício por suas vidas, para então me esquecer e colocar outra pessoa em meu lugar. – fez uma pausa – Talvez eu tenha ficado louco... Eu fiquei louco. Mas a insanidade nada mais é do que outra forma de enxergar. Uma forma em que os sãos não conseguem compreender. Mas mesmo ali eu não trairia Riddarie, não estava satisfeito com minha condição, estava irritado e me sentia usado, descartável, um peão num joguete político, mas aquele ainda era meu lar e, mesmo não mais vendo Ilidryn como via outrora, ela seria minha esposa e minha posse.<br />
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<i>Ó, Mãe Escuridão, acalenta-me.</i><br />
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Apertou a espada contra o peito do irmão e começou a fazer traços, que logo eram preenchidos com sangue. Ruslan nada pode fazer além de, paralisado pelo medo, encarar debilmente o irmão e ouvir – sem realmente entender – a história que ele contava.<br />
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– Então eu estava de frente para o rei. Percebendo que minha missão fora inútil e que apenas serviu para que eu estivesse longe do reino enquanto ele tomava certas medidas. Ele era fraco. Tinha medo de que a ordem dos cavaleiros resolvesse o depor e dissolveu o grupo. Sabia que seu filho seria contra e por isso me mandou junto. Queria apenas garantir que continuaria a reinar até o fim de seus dias e para isso vendeu Ilidryn, comprando a paz. – sorriu achando graça nas lembranças, como alguém que relembra uma feliz infância há muito esquecida – Então eu percebi que já tinha visto aquela cena, que já tinha sentido aquele ódio, que aquilo era para meu amadurecimento perante minha senhora. Em meus sonhos eu havia vindo sendo preparado para aquele momento, era o ultimo passo para canalizar minha raiva e viver através dela, como eu estava destinado. – Falava com uma crença lunática e fervorosa, acreditando que cada palavra sua não representava menos que a verdade absoluta. – E então, fiz o que os sonhos me diziam. – sorriu divertidamente – Pena que não consegui matar o rei.<br />
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Ruslan para ele com terror, certo de que o irmão enlouquecera e traria ainda mais dano para Riddarie. Reunindo os fragmentos do que restava de sua coragem, proferiu uma pergunta.</div><div style="text-align: justify;"><br />
- E agora?<br />
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- E agora? – Repetiu Taháinn malignamente – Agora você morre, pena que o garoto não esteja acordado para ver.<br />
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<i>Ó, Mãe Escuridão, satisfaz-me.</i><br />
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Com um movimento rápido o cavaleiro enterrou a espada na garganta do irmão, atravessando-a e atingindo o solo da caverna, o nobre nada fez além de vestir uma mascara de surpresa. Primeiro Ruslan não entendeu o que havia acontecido, mas então, ao tentar falar gargarejos ininteligíveis substituiriam as palavras que queria proferir. Borbulhas de sangue escorreram de sua boca e de seu ferimento, manchando sua roupa e escorrendo até o chão, lugar onde uma poça rubra era formada. Ainda sorrindo Taháinn girou a lamina da espada, fazendo com que um jato vermelho atingisse sua armadura e mandando a alma de seu irmão para onde quer que ela pertencesse. Retirou Köulard do corpo morto – que encarava com olhos semicerrados o seu assassino – e com um movimento rápido retirou o excesso do sangue que residia na lâmina ainda coberta com crostas antigas, advindas da vida das pessoas que matara em sua fuga.</div><br />
Taháinn se virou, perdendo ao interesse em seu irmão, agora morto e fora de qualquer história que as pessoas, anos depois, viriam a contar sobre todo o ocorrido. O cavaleiro novamente olhava para aquela porta no fim da caverna, coisa que permeava seus desejos desde que tentara assassinar o rei. Voltou a rastejar em direção ao fim da gruta, sabendo que agora tudo se encaminharia para um final, atrais dele o corpo sem vida começava a dissolver e borbulhar, de uma maneira misteriosa, sendo absorvido pelas pedras. Rochas essas que de tão misteriosas jamais ganhariam uma explicação nos anais da história.<br />
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– E agora, meu prêmio. – Disse Taháinn para si mesmo enquanto se esforçava para alcançar seu objetivo.<br />
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<i>Ó, Mãe Escuridão, aguarda-me</i><br />
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<div style="text-align: center;">...</div>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-49959994199901026752010-08-21T21:18:00.006-03:002010-08-21T21:28:36.739-03:00Revista FANTÁSTICALiteratura fantástica nacional por muito tempo era de uma existência tão surreal quanto às histórias que esse ramo se propõe a explorar. Hoje em dia essa situação mudou um pouco, ainda que com muitas dificuldades, cada vez mais autores tem conseguido iniciar suas carreiras no mundo da escrita profissional, contudo, mesmo com a crescente quantidade de novo material que é injetado no mercado, provavelmente a maioria dos que estão lendo essa postagem teria dificuldades em citar o nome de três autores brasileiros que se aventuraram no campo da fantasia.<br />
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<a name='more'></a>Provavelmente tal coisa decorre do fato de que, mesmo publicados, nenhum esforço por parte das livrarias (e muitas vezes editoras) ocorre em sentido de “destacar” o material nacional; as tiragens são baixas, não alcançam todos os estados e na maioria das vezes os volumes de escritores “novatos” fica escondido em alguma prateleira e soterrado (tanto literalmente quanto figuradamente) por material estrangeiro. Portanto, a maior parte da divulgação ocorre em blogs pessoais dos autores, propagandas em comunidades e sites relacionados à literatura; uma divulgação válida e útil mas que acaba por não alcançar muita gente (principalmente um leitor ocasional), se restringindo normalmente à um determinado grupo pertencente à dispersa comunidade dos adoradores de fantasia, com sorte sendo passada adiante por aqueles que realmente se interessaram.<br />
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O projeto da FANTÁSTICA vem justamente para preencher essa lacuna.<br />
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A revista FANTÁSTICA é uma publicação bimestral, grátis e digital que visa criar um meio comum que consiga reunir o publico do gênero da fantasia e ao mesmo tempo divulgar as novidades do panorama nacional. Trazendo resenhas, entrevistas, dicas de leitura, dicas de escrita e toda uma gama de matérias sobre literatura.<br />
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A revista já esta em sua segunda edição e ambos seus números exibem uma aparência e organização muito profissional, seu design em nada prejudica na hora da leitura e o conteúdo é muito interessante, eu ousaria dizer até mesmo IMPORTANTE, pois traz à luz obras brasileiras que merecem destaque e certamente merecem ser lidas. Acho que apenas peca no sentido de comentar sobre antologias que foram lançadas e talvez um espaço para a publicação de contos de escritores novatos (se alguém da revista estiver lendo isso, um concurso de contos seria uma ótima idéia!)<br />
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Certo, certo. Você leu a revista FANTÁSTICA, conheceu obras e escritores que nunca havia ouvido falar e se interessou muito por algum livro particular... Porém não consegue achá-lo em lugar algum e os preços nas livrarias online acrescidos de frete mais parecem um assalto à mão armada... O jeito é deixar para depois a oportunidade de prestigiar o trabalho de um compatriota, não é? Negativo. “Seus problemas acabaram!” (sempre quis dizer isso). Junto com a segunda edição da revista, os responsáveis pela publicação montaram também o que chamam de Livraria FANTÁSTICA e bem... Os descontos certamente são fantásticos, chegando por vezes a 90% e tendo frete incluso. Com 100 reais dá pra levar fácil, fácil de 4 ou 5 livros que custariam uns 200 dinheiros em qualquer outro lugar. Facilitando ainda mais a aquisição (e levando pessoas a cogitarem adquirir, diga-se de passagem) de “fantasias” nacionais.<br />
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Com toda a certeza o projeto da FANTÁSTICA tem todo um potencial de vir a ser o que se propõe e tornar-se importante no meio literário brasileiro. De certa forma, já tem sua importância, visto que esta fazendo um excelente trabalho e esta tendo uma ótima visualização (pelo o que vi teve 3200 acessos no primeiro mês) e, além do mais, é a única revista online (e não online também lol) realmente conhecida que tem essa proposta. Só tenho elogios à equipe do projeto.<br />
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Sinto que eu poderia me extender, falando sobre as matérias que ela trouxe, resenhando o conteúdo e ETC. Mas, não faria sentido, já que basta dar uma olhada no proprio site da revista.<br />
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Segue abaixo as matérias da segunda (tiradas do site oficial) edição da revista e link para a publicação.<br />
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<div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">"- FALANDO NO ASSUNTO</span></b><span style="font-size: 9.5pt;">: Escritores discutem a polêmica diferença de plágio e inspiração.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- RESENHANDO:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Resenhas de <b>O Vampiro da Mata Atlântica</b> de Martha Argel e <b>Centúrias</b> de Bruna Longobucco.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- TROCA-TROCA:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Rafael Lima, autor de <b>Aura de Asíris</b>, e Victor Maduro, autor de <b>Além da Terra do Gelo</b>, resenham cada um a obra do outro.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- MATÉRIA DE CAPA:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Analisamos o impacto que o ebook e os ebook readers poderão trazer ao meio literário.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- REPÓRTER MIRIM:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> O nosso jovem repórter Hugo Fox respondeu: Por que as pessoas preferem livros estrangeiros?</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- E SE FOSSE FILME?:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Como seria se o livro <b>Um Mundo Perfeito</b>, de Leonardo Brum se tornasse uma mega-produção cinematográfica?</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- EM FOCO:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Analisamos as r<b>azões para as pessoas escreverem</b>, <b>os preconceitos literários</b> e as <b>mudanças de linguagem</b> escrita com a internet. </span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- LIDO & ENTREVISTADO:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Entrevista com Márson Alquatti, autor de <b>Ethernyt - A Guerra dos Anjos</b></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 9.5pt;"></span><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- NOVIDADES:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Conheça <b>Angus Volume 3 </b>(Orlando Paes), <b>A Essência do Dragão </b>(Andres Carreiro), <b>Lázarus</b> (Georgette Sillen), <b>A Guerra Justa</b> (Carlos Orsi) e <b>O Vale dos Anjos</b> (Leandro Schulai).</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- TRÍADE DOS IMORTAIS:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> O trio Celly Borges, Nana B. Poetisa e Nelson Magrini disserta sobre os principais expoentes do terror nacional.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- CONEXÃO SKOOB:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> O que há de mais interessante na melhor rede social para aficcionados por livros.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- CONEXÃO CT:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Criando Testrálios, um dos mais famosos blogs sobre fantasia, debate sobre as mais importantes obras do gênero.</span><span style="font-size: 9.5pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- CONEXÃO PSYCHOBOOKS:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Com um texto alegre e descontraído, a divertida equipe Psychobooks se apresenta o Chick Lit.</span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><b>- CONEXÃO RPG BRASIL</b>: A nova seção que traz informações sobre RPG e suas ligações com a literatura </div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- CORREIO FANTÁSTICA:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> Respondemos os e-mails e mensagens de nossos leitores</span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><span style="font-size: 85%;"><b><span style="font-size: 9.5pt;">- ÚLTIMA PÁGINA:</span></b><span style="font-size: 9.5pt;"> O escritor Dhyan Shanasa, autor de <b>O Livro de Tunes</b>, discorre sobre os seres místicos da fantasia."</span></span></div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><br />
</div><div style="color: black; margin: 0cm 0cm 6pt;"><a href="http://www.revistafantastica.com/">Link para o site oficial</a><span style="font-size: 85%;"><span style="font-size: 9.5pt;"> </span></span></div>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-71510195683637108792010-08-21T00:35:00.004-03:002010-08-21T00:41:56.561-03:00Taháinn - O Sacrificio (parte 2)<div style="text-align: justify;">Taháinn virou-se, primeiro por susto, movido pelo instinto; aquele era o ultimo lugar o qual esperava ser descoberto e, por isso, fora surpreendido pelo brado. Porém, em meio ao movimento giratório que fez para volver-se, acabou por identificar a voz do homem que o chamava. Uma voz familiar, que ouvira por toda a sua vida e que, há menos de uma semana, passara a odiar. Quando terminou sua meia volta – um esboço daquela que havia aprendido em seus tempos de recruta, já que sua perna defasada o impossibilitava de movimentos amplos – não mais estava com a expressão atônita dos surpreendidos em sua face. Exibia um meio sorriso, um misto de triunfo e perversidade. Era como se olhasse para um inseto particularmente nojento a ser esmagado e sentisse um prazer cruel no exercício deste poder; foi apenas uma das coisas a fazer com o recém chegado que passaram por sua mente insana. Refreou o imensurável instinto assassino que começava a se apoderar de seu corpo e causar-lhe tremeliques, limitando-se a fitar os olhos daquele que havia acabado de chegar com uma calma perturbadora.<br />
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<a name='more'></a>O homem que havia interrompido a marcha do cavaleiro não usava uma peça de armadura sequer, sua única proteção era uma blusa folgada e cara que estava na moda entre a nobreza da região, usada principalmente em ocasiões informais. O linho era de qualidade, tingido de bege, decorado com tinturas douradas na gola e na manga e alguns padrões em vermelho decoravam a camisa. No entanto, contrariando o alto custo que a vestimenta poderia ter, mais aparentava o vestir de um camponês, devido à quantidade de manchas de suor que a colavam no corpo magro de seu dono e os aglomerados de sujeira. A calça que completava o figurino não tinha nada de marcante, era feita de couro e tipicamente usada para cavalgadas entre aqueles de baixa renda. Certamente o recém chegado havia vindo com pressa, sem ter tempo sequer de se preparar.<br />
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Ofegava, cansado, o nobre não era dado a longas caminhadas e principalmente à perseguições. Um filete de suor escorria pela sua têmpora e seu cabelo - curto e, originalmente espetado, apontando para cima na parte da frente -, estava revoltado e caído, devido às gotas que pesavam suas mechas. A mão do perseguidor segurava uma espada presa em seu cinto, um instrumento simples, completamente diferente da obra-prima possuída por seu adversário, podendo ter sido facilmente adquirida em meio a soldados rasos e lanceiros. Ele Apertava o artefato com força, como se ele fosse um talismã, a única coisa a lhe proteger dos perigos que poderiam habitar aquele lugar maligno.<br />
<br />
Mantinha-se a uma distancia segura do outro, sabia que o inimigo estava ferido na perna e não podia correr e tampouco lutar usando toda sua capacidade, pretendia aproveitar-se disso e enfrentar Taháinn. No entanto, estava completamente esbaforido, não conseguindo manter-se em uma posição sequer próxima de uma base apropriada para um duelo de espadas. Suas costas arqueavam para frente, como que impelidas por um peso invisível, suas pernas não lhe ofereciam muita estabilidade e a única coisa que o impedia de olhar para baixo, devido ao cansaço, era o ódio que sentia pelo homem que carregava o bebê... Seu bebê, sua criança. Mesmo com as feições distorcidas pela raiva atroz que parecia percorrer cada centímetro de seu corpo, elas denunciavam seu parentesco com aquele que matara o Fäinnur de Riddarie. Afinal, o recém chegado era irmão do seqüestrador, do cavaleiro caído... Do traidor.<br />
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Taháinn olhava para ele com o divertimento de um sádico.<br />
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<span style="font-style: italic;">Ó, Mãe Escuridão, contempla-me.</span><br />
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<br />
- Ruslan... – Respondeu vagarosamente o cavaleiro caído - parodiando o modo agressivo o qual fora chamado. Fez um trejeito com o braço que segurava a espada, como que perfazendo um gesto cortês típico daquela região. O sorriso maligno aumentou em seu rosto – O que o traz aqui, meu irmão? <br />
<br />
Ruslan cerrou os dentes com toda a força que conseguiu reunir, mas não percebeu o filete de sangue que escorreu pelo seu lábio – advindo de um ferimento produzido pela pressão sobre as gengivas -, apertou o cabo de sua espada com mais força, causando pequenas lacerações em sua palma, devido à força imprimida contra o couro da empunhadura. Não se importou com as escoriações. Tamanha era a fúria que sentia pelo homem à sua frente que não tinha olhos para mais nada, por um momento até mesmo esqueceu-se da presença de seu filho, que jazia no colo de seu irmão. O pai era orgulhoso e, em seu âmago, queria apenas uma coisa: Matar Taháinn.<br />
<br />
- O que me traz aqui...? – perguntou ofegando, sem que fosse ouvido pelo irmão, pois quase não produziu som – O que me traz aqui?! – dessa vez gritou com um tom acusador.<br />
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- Não foi isso o que perguntei, irmão? – foi a resposta de Taháinn, que ainda se mostrava calmo e superior, traindo o que realmente passava dentro de si.<br />
<br />
Um sorriso insano se formou nos lábios de Ruslan. Não por ver alguma graça na situação, mas sim porque sua mente, exausta e em frangalhos, não conseguira aceitar que seu irmão se mostrasse tão alheio ao que havia feito. Cambaleou. Suas pernas se mostravam pesadas devido ao cansaço físico e mental, seus joelhos dobravam, forçando-o a adotar uma posição cada vez mais curvada. Deu uma risadinha, que acabou se intensificando até chegar a uma gargalhada maníaca. Sabia o que estava acontecendo. Era o verde... Aquele verde... Tinha algo naquelas pedras... Naquela cor misteriosa... Estava aumentando suas emoções, tornando-as mais fortes, esmagadoras, fazendo-os tomar conta de seu ser. Aquela cor se nutria de sua miséria. Não tinha a menor idéia de como sabia tudo isso, apenas sabia... Sentia.<br />
<br />
Em meio à sua crise histérica acabou por novamente cruzar os olhos com seu irmão. Este nada fazia, apenas o olhava com aquele riso superior, de quem sabe das coisas, de quem tem a certeza de que vai ganhar. Será que ele não era afetado por aquelas pedras? Pelo verde? Ruslan não sabia, mas um desespero começou a se apoderar de seu corpo, fazendo seus olhos marejarem e um nó se formar em sua garganta. Essa sensação foi logo substituída por uma raiva perigosa, que fazia com que a adrenalina em seu corpo aumentasse para níveis imensuráveis, e lagrimas escorressem livres pelo seu rosto, agora vermelho e novamente contorcido de ódio.<br />
– Como tem coragem de fingir que esta tudo bem depois do que fez?! – rosnou – você traiu o seu rei, matou nosso príncipe... Seqüestrou meu filho! – ofegou por um instante, antes de continuar – Como pode estar tão... Calmo? – desta vez, pareceu suplicar – Por que fez isso tudo?<br />
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- Por quê?<br />
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Primeiro Taháinn riu, achando graça da pergunta e pretendia mais uma vez irritar e fazer pouco caso do irmão, uma pequena diversão antes de matá-lo, no entanto a lembrança de seus motivos aflorou o ódio que sentia e estava reprimindo. Diferente de seu irmão, não era afetado pelo efeito que a magia das pedras causavam nas emoções e nem sabia que tal coisa acontecia. Apenas deixava-se levar por uma raiva primitiva e natural, que tomava cada centímetro da sua mente e turvava-lhe a visão. Cenas vieram à sua cabeça. Toda a sua viagem fora relembrada. Aquela viagem. A fatídica missão a qual fora enviado com sua companhia de cavaleiro... Para na volta em vez de glorias, receber apenas traição e infortúnios.<br />
<br />
Sentiu seu corpo ferver e o sangue pulsar nas mãos e na região a qual fora ferido, assim como seu irmão, aumentou a pressão que seus dedos faziam sobre o cabo de sua espada, mas, diferente de Ruslan, sua ira era representada – quando estava frente a frente com seu desafeto - por escarninho e sarcasmos e não por gritos e choros. Era certo que tal modo de demonstrar sua fúria não diminuía a vontade assassina que sentia, porém, gostava de uma pequena tortura psicológica antes de matar os seus alvos. Mesmo em sua época de glória, o cavaleiro já apresentava amostras de crueldade.<br />
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<span style="font-style: italic;">Ó, Mãe Escuridão, alimenta-me.</span><br />
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Taháinn não sabia, porém, se agüentaria por muito mais tempo manter as estribeiras.<br />
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- Por quê? – perguntou outra vez, com a voz abafada, porque havia travado sua mandíbula enquanto trincava os dentes.<br />
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- Isso mesmo, por quê? – gritou seu irmão, ainda choramingando.<br />
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- Eu fui mandado para Kiell em uma missão de espionagem, disfarçada de uma conferencia. – aumentou a voz a cada palavra – Eu, um dos cavaleiros de mais alta honraria, um dos três generais de Riddarie portador de Köulard, uma das espadas de antiga linhagem servir de mero garoto de recados.<br />
<br />
- E isso é motivo para tamanha traição?! Obedecer a ordens desgostosas de seu rei?! – respirou para continuar com suas acusações – É por isso que seqüestrou meu filho e feriu o orgulho da minha casa?!<br />
<br />
- Você é um arrogante orgulhoso que mal liga para essa criança, vire sua língua de serpente para outro lado. E não, não foi por isso que fiz tudo o que fiz... Não traí antes de ser... Traído... <br />
<br />
Mostrando um resquício de humanidade, o cavaleiro caído olhou para baixo, com pesar. As lembranças do que havia passado... Do que havia perdido... Voltavam à sua mente em uma velocidade alucinante, como que querendo partir sua força, tirar-lhe o resto de sanidade e arrancar de sua alma o resto do homem honrado e afável que fora. Eram imagens de Ilidryn que atacavam a sua cabeça, todas elas, sem exceção... O rosto delicado da garota-mulher não lhe dava trégua, lembrando-lhe dos bons e felizes momentos o qual passara com a jovem, de sua risada jovial e alegre... Mas nunca a veria novamente... E isso destruía o seu ser.<br />
O cavaleiro olhou novamente para seu irmão. Mas já não tinha mais o olhar petulante e sarcástico, não exibia a superioridade que insistia em demonstrar. Seus olhos carregavam apenas uma raiva quase que animal e um instinto assassino latente. Já ficara deste modo outras vezes, mas nunca se rebaixara ao ponto de outras pessoas o verem em tal estado deplorável. Era orgulhoso, acima de tudo, assim como o seu irmão. Talvez esse fosse um mal de família o qual Taháinn e Ruslan carregam desde muito jovens e, certamente, era o motivo pelo qual naquele dia Riddarie estava em grande pesar.<br />
<br />
Taháinn queria logo chegar até a porta, não via a hora para alcançar o objetivo pernicioso e vil o qual viera perseguindo desde que saíra de Boltháir - A chamada Cidade-celeiro, capital de do seu reino -. No entanto, tinha que gritar, tinha que acusar, tinha que... Matar... Ou então, de nada valeria toda a sua empreitada, pois estaria com seu espírito em frangalhos. Mais tarde se arrependeria pelo fato de que, entre todas as pessoas possíveis, justo o seu irmão o havia visto perder o autocontrole.<br />
<br />
- Eu cumpri meu dever e fui reportar ao rei. Apenas para então descobrir que minha futura esposa havia sido dada em casamento para Khadec o líder dos bárbaros do Vale das Pedras! – Cuspiu no chão ao falar aqueles nomes e continuou com seu brado. – Todos sabem que destino aguarda aquela que se casa com aquele homem – rosnou entre os dentes.<br />
<br />
- Sei, sei. – respondeu o irmão demonstrando impaciência – As esposas de Khadec não costumam viver mais do que três meses. E ninguém sabe exatamente o que é feito delas... Mas o que eu haver com este seu infortúnio?<br />
<br />
- Acha que não sei como você enriqueceu tanto na minha ausência? – manteve a ferocidade estampada no olhar – Acha que foi difícil descobrir que voltou às graças do rei após pessoalmente ter impedido aquele bárbaro de continuar com seus saques, prometendo-lhe a mão de Ilidryn?! – esperou por uma resposta que não veio, então continuou – E que o Rei ficou feliz em ver uma resolução para um problema que perdurava por anos?!<br />
<br />
- Eu precisava de dinheiro, precisava de renome. Aquela garota foi um meio de conseguir isso! – gritou, mas então baixou sua voz a um tom cansado e conciliador, tentando entrar em um acordo, mas assumindo a culpa. - Se o problema é uma esposa, não se preocupe, sei que um homem precisa de mulher. Posso lhe arranjar quantas você quiser... Ela era só uma garota qualquer! – disse com a voz arrastada.<br />
<br />
- Eu a amava... Não sou lascivo que nem você.<br />
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<span style="font-style: italic;">Ó, Mãe Escuridão, perdoa-me.</span><br />
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<br />
- E por causa desse “amor” você tentou matar seu rei, conseguiu matar o príncipe, deixando nosso reino em caos e seqüestrou meu filho? – dessa vez o desprezo era claro na voz de Ruslan.<br />
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Em situações normais o nobre não teria coragem para falar no tom de voz que usara, mas o misterioso poder que as rochas esverdeadas tinham sobre ele o levava a coisas que normalmente não faria. O único ato real de bravura foi ter ido atrás de seu irmão, no entanto, não tinha escolha afinal, pois, do contrario, demonstraria fraqueza diante de todos, tendo deixado seu o seqüestrador do seu primogênito escapar impune, isso seria o fim de sua imagem, coisa que ele não poderia deixar acontecer.<br />
<br />
- “Por causa desse amor”? – Disse Taháinn lentamente. Quase saboreando a forma a qual aquelas palavras saiam de sua boca.<br />
<br />
A reação de seu irmão foi totalmente diferente da que Ruslan imaginara. O nobre pensou que o consangüíneo iria tornar a gritar, reclamar, usar alguma desculpa que fosse ou então, em fúria, atacá-lo. Ao invés de qualquer uma das coisas que possam ter passado pelo imaginário do nobre como plausíveis para qual seria a próxima ação do cavaleiro, Taháinn se limitou a rir.<br />
<br />
Não ria como alguém que desfruta uma piada, nem como alguém que está nervoso e não sabe exatamente o que fazer. Ele simplesmente gargalhava, como alguém que mostra pontas de insanidade ou que, sentindo-se superior e esnobando, ridiculariza alguém por não ter confundido as coisas. No caso de Taháinn, era uma mistura dos dois motivos. Ele tentou parar o riso, juntando fôlego para falar algo para o irmão. Conseguiu com uma leve dificuldade de quem faz algo a contragosto.<br />
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- Ruslan, você me entendeu mal... Não foi o amor que me fez fazer tudo isso. – Havia um riso em seus lábios.<br />
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- Não foi por vingança? – Sua raiva refreou por um instante, dando lugar à confusão.<br />
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- Não...<br />
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- Então... O que?<br />
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Um brilho pareceu se fazer nos olhos daquele cavaleiro caído. Seu sorriso aumentou, como que reconhecendo que finalmente seu irmão chegara ao ponto importante.<br />
<br />
– Ela abriu meus olhos, eu precisava passar por aquele sofrimento para entender. Para que ela pudesse me mostrar, me guiar, me ensinar... – Seu rosto era o de um fanático falando sobre sua causa – Eu sinto ódio pelo que fizeram. É o ódio que me motiva. Não o amor. Ela me ensinou isso. Minha querida me mostrou o que fazer, do mesmo modo como mostrou que seu filho seria um belo presente.<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">Ó, Mãe Escuridão, aceita-me.</span><br />
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- Ela? Que ela?! – perguntou Ruslan exasperado.<br />
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- Mirkhoên... Minha mãe, minha essência, minha amante.<br />
<br />
- A escuridão... Você louva a escuridão?! Já não bastava ser mais um desses loucos que insistem em colocar um Dynlaeth acima dos outros, acima do funcionamento das coisas... Tinha que ser o âmago do que há de pior em Cmyvllaeth?! – Ruslan cuspiu no chão<br />
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- A escuridão é uma das coisas que ela representa... Mas não adianta falar-lhe, você não entenderia o qual grande é Mirkhoên. – baixou a voz, como que em pesar – poucos entendem...<br />
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- Você está louco!<br />
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- Mas claro – sorriu – para perceber aquilo que os outros não vêem, um não pode ser são. – Era como se, arrogantemente, explicasse para a criança malcriada do vizinho o porquê de algo óbvio. – Uma pena.<br />
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Ruslan não respondeu ao seu irmão, pois ponderava na sabedoria que existia por trás do que havia dito. Um silêncio perturbador se formou no lugar onde eles apenas se encaravam, cada um perdido em sua própria mente, presos em pensamentos particulares ao mesmo tempo em que tentavam avaliar um ao outro. E Então, com a força inerente ao modo com eles se olhavam, ambos acabaram por comunicar-se em um nível mais básico, instintivo e, principalmente, mais intenso do que a simplória linguagem vocal – algo conseguido apenas por amantes, irmãos, companheiros de guerra e rivais –, nesse mesmo instante de comunicação não-falada, souberam: O próximo movimento seria um ataque.<br />
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<span style="font-style: italic;">Ó, Mãe Escuridão, espera-me.</span><br />
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</div>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-5535330469247896402010-08-09T21:39:00.005-03:002010-08-09T21:45:06.569-03:00Taháinn - O Sacrificio (parte 1)<div style="text-align: justify;">O pesado escarpe do cavaleiro levantou a poeira vermelha e antiga - que se acumulara durante eras naquele chão irregular - assim que o primeiro passo foi dado para dentro da caverna. Sua armadura completa tiniu e rangeu conforme as placas que a compunham roçavam-se e estalavam, efeito que acabava por resultar em um som alto e perturbador devido ao eco produzido pelo lugar. O espadachim prendeu a respiração, temendo, em seu intimo, que houvesse alertado alguma criatura habitante das vastidões daqueles túneis a qual pudesse representar alguma ameaça para sua profana empreitada. Riu de si mesmo, devido ao temor impensado que havia o acometido. Sabia que agora nada poderia representar-lhe perigo e, além do mais, acabou por constatar que as velhas lendas eram verdadeiras: nenhum ser vivo tinha como morada as amaldiçoadas cavernas de <i>Hellad-Kuzartel</i>. Não havia ali criatura fantástica e tampouco corriqueiros morcegos - tão comuns a esse tipo de ambiente -. Contudo, mesmo que do contrario fosse, mesmo que a morte ali habitasse, não haveria problema... A escuridão estava ao seu lado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><a name='more'></a><div style="text-align: justify;">O cavaleiro caído avançou túnel à dentro. Já não possuía o garbo e a altivez de outrora, era uma sombra do guerreiro primoroso e figura inspiradora que fora. Seu manto antes limpo e sedoso, que lhe concedia uma aura heróica quando esvoaçava durante as batalhas e cavalgadas, agora estava esfiapado e rasgado, com tiras laceradas - nunca retas, mas fazendo caminhos tortuosos - que iam até o meio de suas costas, o tecido feito da mais pura e fina lã conhecida – retirada da pelagem dos <i>snorks</i> de um dos países além mar – fora desperdiçado. O característico emblema Do <i>Riskar</i> – uma espécie de grande lagarto, feroz e temido, que habitava as florestas sulistas –, possuído apenas pela alta cavalaria de <i>Riddárie</i>, a muito havia se perdido, descosturado, restando apenas uma sombra sem valor no lugar em que antes ele habitara, uma clara amostra de que aquele guerreiro não detinha mais a virtuosidade que seu posto lhe atribui e nem respondia mais aos deveres que jurara honrar.</div><div style="text-align: justify;"><i><br />
Ó, Mãe Escuridão, guia-me.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A caverna continuava montanha adentro com passagens largas, sem bifurcações, de modo que o recém chegado não teve problemas em se direcionar. A luz solar inexistia naquela altura do percurso, entretanto as pedras que compunham as cavernosas paredes emitiam um brilho de um verde pálido e lúgubre, que conferia um aspecto fantasmagórico para todo o lugar. Essa luz, porém, era suficiente para oferecer a iluminação necessária para se guiar pelo lugar. O homem não fazia idéia do que provia tal luminosidade, desconhecia se era um efeito natural, uma estranha propriedade possuída pelas pedras daquelas câmaras, ou se algum feitiço há muito realizado havia conferido tal particularidade para aquelas curiosas rochas. Apostaria na segunda opção, já que a maioria das velhas histórias, que ouvira em sua meninice, falavam sobre um mago obscuro que habitava as <i>Hellad-Kuzartel</i>, algumas iam ainda mais longe, atribuindo ao nome do mago o da caverna, cujo motivo da nomeação se perdeu com o tempo. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O avanço do explorador era, embora decidido, inconstante e moroso. E mesmo que as proeminentes estalagmites, que ali existiam em grande quantidade, – por vezes formando majestosas colunas de material verde fosforescente, quando se juntavam com suas primas, as estalactites – não fossem tão freqüente, a empreitada do ex-cavaleiro continuaria dura e vagarosa, pois - mesmo com sua vasta habilidade e experiência na guerra, na batalha e sua extensa maestria com a espada - havia sido ferido. Na sua ultima luta, aquela onde selara o seu destino, havia combatido um grande numero de guerreiros durante uma fuga desesperada, passara intocado por toda a guarda real, sem nem ao menos exaurir-se, porém quando travava o ultimo confronto daquela série de embates havia sido ferido na coxa direita. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ninguém menos que seu antigo pajem, o filho do rei, havia realizado o feito, porquanto de tanto vê-lo lutar sabia o exato momento em que baixava a guarda e podia ser atingido. O jovem fora morto depois de desferir o golpe, sofrendo um corte em diagonal no rosto antes de ter seu peito atravessado por uma derradeira estocada. O Riddarie havia perdido seu sucessor, mas certamente ganharia uma lenda.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mesmo com todas as excitações do ultimo grande confronto, a armadura de placas do ex-cavaleiro mantinha-se praticamente intacta tendo apenas aquele rasgo no coxote, por onde a lâmina de <i>Kësvird</i> - a espada do herdeiro do trono - havia adentrado – maculando sua poderosa compleição. A proteção do lutador, feita com um dos mais caros lotes de <i>Murtjörn</i> – o mais resistente e maleável metal conhecido –, portanto faiscante em um brilho argênteo, agora espelhava verde doentio do lugar, como que emanando a aura baixia que o desgraçado cavaleiro agora possuía. Tal tonalidade sepulcral só não se apresentava em uma região da perna que fora agredida, pois o sangue, o qual fluíra da brecha da armadura – passando da roupa acolchoada que havia entre ela e corpo do espadachim, esta empapada pelo liquido rubro em sua coxa direita - adquirira uma tonalidade negro-arroxeada com a iluminação da caverna e por vezes ainda pingava no chão, devido aos movimentos de caminhada e ao metal distorcido que adentrara na carne durante o golpe do <i>Fäinnur</i> – titulo atribuído ao filho do rei.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Ó, Mãe Escuridão, completa-me.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tamanho era o descaso do cavaleiro com seus antigos valores, que A <i>Ridath</i>, bainha da alta cavalaria, - objeto tão importante quanto sua própria espada, <i>Köulard</i>, pois representava o povo que jurara proteger -, havia se perdido em algum momento que ele não recordava e, na verdade, nem mesmo se importava com o acontecido. Sua espada agora servia como uma mera bengala, auxiliando o coxear o qual o <i>Fäinnur</i> o presenteara, um ato imprescindível caso pretendesse continuar em sua empreitada. O uso da arma para tal fim era uma lástima, uma total falta de zelo pela obra-prima lhe que fora conferida pelo rei em pessoa, no entanto o guerreiro amaldiçoado já não ligava para tais detalhes. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por causa disso agora a espada bastarda – uma peça ancestral finamente trabalhada, com empunhadura de couro e fios de prata imbuídos de magia – os quais que nunca deixariam <i>Köulard</i> escapar das mãos de seu dono -, trazendo o emblema do reino no pomo de seu cabo e inscrições milenares, em alto relevo, por sobre o seu vinco e guarda mão - que sempre servira de símbolo de para toda a <i>Riddarie</i> estava manchada com o sangue de seu próprio povo e tal mácula tardaria a deixar aquela bela lâmina, pois como o antigo ditado dizia: “sangue derramado por traição jamais abandona a arma do algoz”. Aquelas manchas vermelhas existiriam para sempre em <i>Köulard</i>, a espada lendária que, no momento, ajudava seu dono a se rastejar por um lugar profano.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cada passo do traidor era um desafio, seu rosto se contorcia em uma máscara de raiva e de penosa resolução a cada passo incerto e torto que era dado, mantendo uma tez vermelha devido ao esforço. Suava cântaros por debaixo da abafada armadura completa, fazendo com que a roupa acolchoada – medida utilizada para evitar atrito entre a carne e o metal – desconfortavelmente colasse em sua pele. O cabelo um pouco longo para um guerreiro, outrora constantemente alinhado e penteado para trás, agora caía em seu rosto, por vezes tapando sua visão, até que, devido ao suor que escorria da testa, acabou por grudar em suas bochechas. Resfolegava a cada instante, intentando juntar energias para continuar sua jornada. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Ó, Mãe Escuridão, apóia-me.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tamanha demora para o término daquela andança irritava e deixava o traidor ansioso por uma resolução. Já não tinha paciência, queria chegar ao objetivo e, com isso, mudar a sua sorte, cumprir o seu destino. Com raiva, o cavaleiro apertou os dentes, travando o maxilar, e fez uma careta de dor, – sentiu alguns deles trincarem, mas não se importou – tentava resistir à dor lacerante que acometia sua perna e, com isso, conseguir aumentar a velocidade de sua marcha mesmo que por alguns instantes, diminuindo assim a distancia para o inicio de sua vingança. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em seu ímpeto descuidado, na tentativa de cobrir a distância o mais rápido possível, acabou descompassando o ritmo de seu coxear e o movimento que fazia para apoiar-se em sua espada, o que fez com que a ponta de <i>Köulard</i> não encontrasse um lugar apropriado para ser fincado e batesse contra uma parte especificamente dura do chão pedregoso. A arma acabou por escorregar – perfazendo um traço fino na rocha, o qual representava a trajetória de seu desvio -. Tal imprevisto foi suficiente para que o debilitado aventureiro não conseguisse manter sua estabilidade e, impulsionado para frente pela inércia, devido à espada que havia deslizado para trás – para sua sorte passando entre suas pernas, sem atingi-lo -, acabou tropeçando, com a perna ferida, em um amontoado de pedras fluorescentes. Tentando não chocar-se dolorosamente contra o chão precisou firmar-se no chão, dobrando o joelho, colocando a maior parte de seu peso na coxa ferida e com isso retesando o músculo que havia sido seriamente lesionado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O berro produzido pelo cavaleiro se propagou por toda a extensão da caverna, era um grito de pura dor, advindo do fundo de seu pulmão e aumentado pelo ódio que passara a sentir pelo seu reino. Pressionou a região da ferida por cima da armadura, numa tentativa inútil de diminuir a dor. Sentiu sua mão molhar-se com o sangue que voltara a se esvair, embora, em pouca quantidade. Tateou sua espada e a usou como apóio para levantar-se, gemendo de dor por novamente esforçar a perna lesionada. O cavaleiro praguejou por causa do incidente, invocando o nome de deuses malignos. Ele não precisava ter passado por aquilo, poderia facilmente ter se apoiado na parede com o braço esquerdo para não cair, porém, não o fez, pois que este estava ocupado, segurando um bebê. Insatisfeito, continuou seu caminho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ele não se preocupava com o infante, seu gesto não tinha como objetivo de sacrificar-se se colocando em uma situação dolorosa e manter a criança segura, não, acontecera por puro reflexo, devido ao fato de estar segurando algo e, por isso, não usar o braço ocupado. Caso tivesse um tempo mínimo, o suficiente para avaliar suas opções, não teria se infligido tamanha dor, simplesmente teria largado o moleque em direção ao solo e se encostado na parede. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O cavaleiro olhou com desprezo para aquela coisinha rosada e mole que estava aninhada em seu membro. O infante dormia em sono profundo, alheia a tudo o que acontecia. Não porque achava que a situação lhe era confortável ou a armadura de metal do guerreiro reconfortante. Havia sido forçado a tomar uma forte droga que induzia ao sono, do contrario, seu seqüestrador não agüentaria seu choro desesperado e poderia acabar matando-o. O traidor sabia que poderia desmembrá-lo apenas com as mãos, sem nem usar sua espada para tal. Sentia vontade de fazê-lo. Olhava com ódio para a pequena criatura que era o filho de seu próprio irmão. Queria matá-lo. Iria matá-lo... Ambos... Pai e filho. Mas aquela... Aquela não era a hora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Ó, Mãe Escuridão, ensina-me.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trincando seus dentes devido à raiva acabou por voltar sua atenção novamente para o caminho que seguia. A paisagem que vinha não apresentava nenhuma mudança significativa. Poderia estar andando em círculos, caso a geografia daqueles túneis permitissem tal feito, já que tudo à sua frente parecia exatamente igual. O cavaleiro não sabia quanto tempo havia passado desde que entrara. A monotonia do lugar - onde nada acontecia e o único barulho era o eco de seus próprios passos e da espada chocando-se contra o chão – havia tirado qualquer percepção de passagem de tempo. Mesmo que o inverso fosse verdadeiro e ainda pudesse ver o sol provavelmente nada mudaria, pois, sua obstinação pelo seu objetivo o impelia para frente, fazendo-o ignorar qualquer trivialidade, como tempo ou até mesmo comida. Apenas continuava em seu lento arrastar, tendo apenas a onipresente tonalidade verde como companhia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quando começou a pensar em desistir daquela insana empreitada, quando passou a imaginar que seus sonhos eram mentirosos, que suas visões não passaram de meras alucinações, acabou por ver, à uma certa distancia, algo que contrastava com o ambiente da caverna e que destoava com a emanação esverdeada - que parecia impregnar cada centímetro do lugar amaldiçoado que era <i>Hellad-Kuzartel</i>. Apertou os olhos, tentando enxergar detalhes do que aparecera no horizonte claustrofóbico, a princípio não conseguiu, pois gotas de suor desciam-lhe pela testa e embaçavam sua visão e então, não querendo largar tirar a mão de <i>Köulard</i>, com medo de se desequilibrar, acabou chacoalhando a cabeça, tentando limpar o seu rosto. Funcionou. Deste modo esbanjando exaltação e alivio, o cavaleiro viu uma porta.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não pôde dizer muito sobre o achado, devido a distancia e à precária luz. Notou apenas que a porta parecia ser de madeira simples e que o caminho ia se afunilando aos poucos, naquela ultima centena de metros, para então o portal ocupar exatamente toda a largura da passagem. Certamente não era um efeito natural, no entanto, “quem o fizera” e “porque” eram perguntas das quais arriscaria uma resposta, que podia apenas imaginar. Sabia apenas de que seu objetivo se encontrava depois daquele acesso. Sua busca estava chegando ao inexorável fim, breve estaria diante do antigo - talvez único - altar de <i>Mirkhoên</i>, a essência da escuridão.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Todo sofrimento e desgaste o qual havia passado simplesmente desapareceu. Existia fim, afinal, e ele estava próximo, ao alcance dos olhos. O cavaleiro avançou impetuosamente, impelido para frente como se sua vida dependesse do gesto, não já ligava para a dor, já não ligava para a mágoa ou mesmo lembrava-se do ódio. O achado havia dominado completamente sua alma amarga e sombria. Seus olhos estavam esbugalhados, sem ousar piscar, temendo que a porta desaparecesse como num passe de mágica. Os braços trabalhavam freneticamente, um agüentando o balançar, impedindo que o bebê caísse, e outro “cavando” com a espada, o apoio necessário para aquela ultima carreira em direção ao destino. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Iria alcançá-la. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Cumpriria o seu karma.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas não naquele momento. Pois, em meio à sua carreira inabalada do explorador, uma voz conhecida propagou-se pelo lugar, ajudada pelo eco, conseguindo furar o bloqueio que a porta causava na mente do cavaleiro e tirando-o de seu quase-transe.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Taháinn! – gritava a voz, carregada de ódio, clamando pelo traidor.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Ó, Mãe Escuridão, controla-me.</i></div>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-65992171035169270382010-07-21T20:36:00.005-03:002010-07-21T20:48:46.034-03:00O Bardo e o Barbaro<div style="text-align: justify;">– Este caminho vai ao longe, continua sempre em frente. Mas sugiro meia volta. Assim mesmo, de repente.<br />
<br />
A frase cortou a conversa barulhenta do grupo que seguia estrada adiante e os fez estacar, não por medo do que era dito, mas pela inesperada sugestão. Era um dia bonito e calmo naquela região: pássaros murkhala piavam de suas tocas no paredão rochoso, nuvem alguma ousava atravessar o sol, pequenos insetos rastejavam com sofreguidão devido à proximidade de pessoas e uma brisa agradável atravessava aquela região montanhosa. O grupo maltrapilho – portando equipamento de baixa qualidade e contrastando com a paisagem – não havia avistado uma alma sequer, naquele dia ou no anterior, portanto não era de se espantar, diante de tal calmaria, que pelo menos três dos homens pensaram estar lidando com um fantasma.</div><a name='more'></a><br />
A dúvida não durou muito e nem mesmo foi preciso que a líder daquela corja pusesse ordem em seu grupo, pois logo após o frio impacto da pronuncia inesperada veio a quente melodia tirada de um rápido dedilhar em um bandolim. O que fez com que todos se voltassem para o pedregulho – este com pelo menos o dobro do tamanho de um homem pequeno – que lançava sua sombra sobre eles do lado mais próximo da encosta escarpada. O que viram, mesmo não sendo nada sobrenatural ou eminentemente perigoso, surpreendeu a todos. Sentado ao sol, displicentemente em cima da grande pedra, estava um bardo, que observava os recém chegados.<br />
<br />
Enquanto os sete integrantes daquele grupo suspeito ainda estavam aturdidos, o estranho lançou-se ao solo com a maestria de um exímio malabarista, limpou a poeira de sua capa marrom claro e fez uma longa reverência enquanto segurava seu instrumento com uma das mãos. Os que estavam mais próximos se afastaram ligeiramente, quando o homem desconhecido se curvou, apresentando a mesma cautela de alguém que vê algo estranho ou particularmente nojento. O menestrel terminou sua deferência e então, sorrindo, voltou-se novamente para o bando.<br />
<br />
- Lehnned Aiskari, esse é o meu nome, senhores... – fez uma pequena pausa e olhou de alto a baixo a única mulher do grupo, observando todos os detalhes que pôde – E senhora.<br />
<br />
Ninguém esboçou uma reação sequer, nos primeiros instantes. Limitaram-se à, hipnoticamente, observar aquele bardo vestido em roupas leves de viajante, com longos cabelos castanho-escuros, cavanhaque perfeitamente modelado, portador de um irritante sorriso zombeteiro e que parecia ter surgido do nada. A líder foi a primeira a sair de tal estado semi-letárgico, era mais forte em caráter e vontade do que o resto do bando e, além do mais, tinha uma reputação a qual zelar.<br />
<br />
– Que faz cá e porque adverte eu e meus homens? – Inquiriu ao bardo, com agressividade, tinha que mostrar a todos que podia lidar com qualquer situação. Sua mão já tocava o punho da espada.<br />
<br />
As palavras da chefe logo quebraram o transe dos homens. Dessa vez não se demoraram, posicionaram-se em posição de defesa, se espalhando com cautela; alguns sacaram adagas curtas do interior de velhas jaquetas e outros colocaram a mão sobre o punho de suas espadas. A despeito de toda aquela movimentação hostil, o estranho não se mostrou alarmado. Continuava com os olhos fixos na líder daquele grupo como se outra fêmea não houvesse conhecido.<br />
<br />
A mulher – que talvez não passasse de uma garota, afinal – não estava numa vestimenta que enaltecesse seu corpo e muito menos estava limpa, após todos os dias de viagem, no entanto – mesmo com seus cabelos curtos estando um tanto emaranhados e sujos – apresentava uma curiosa beleza selvagem e certamente fora isso que chamara atenção do bardo. O objeto de estudo daquele homem desconhecido estava perto de perder a paciência e sacar sua arma, contudo, assim que pensou em esbravejar ordens para o bando, o bardo voltou a falar.<br />
<br />
– A um dia e meio de viagem daqui fica a “vila da montanha”. Os vilões mais antigos preferem chamar de Their, um nome derivado de um dialeto local e há muito esquecido e... – Não conseguiu terminar sua fala.<br />
<br />
– Apareceu no meio no nada apenas para dizer suas pesquisas históricas ou o que quer que seja isso? Cuidado ao contar suas histórias, bardo. Posso fazer com que seja você a se tornar uma lenda.<br />
<br />
Ela interrompeu a frase do bardo impacientemente, recebendo murmúrios de aprovação de seus colegas. Para alguém atento foi possível ver a raiva no rosto do menestrel, que se manifestou como um leve franzir no cenho e uma pequena convulsão no lado direito do lábio e numa das pálpebras. No entanto ele logo voltou à sua alegria irritante, sem tirar os olhos da mulher, e mudou o rumo de sua fala.<br />
<br />
– Boatos que ouvi por lugares onde passei dizem que a vila será alvo de um infame grupo de bandidos, por isso decidi avisar a vocês que...<br />
<br />
Foi interrompido novamente. Desta vez não por uma ameaça, mas sim por uma serie de sonoras risadas que a líder daquele grupo havia iniciado, logo sendo acompanhada por seus companheiros. Desta vez o bardo não se irritou e sim aumentou seu sorriso.<br />
<br />
– Bardo, obrigado pela atenção, mas realmente acha que precisamos de seu aviso, acha que não sabemos nos cuidar de alguns bandidos? – Disse a mulher, fazendo força para não mais rir.<br />
<br />
– Eu iria falar que decidi avisar a vocês que sei que são os meliantes citados e sei em que estado estará o lugar quando saírem dele, minha cara. – sorria triunfante – E, devo acrescentar, pretendo impedi-los, aqui mesmo.<br />
<br />
Os risos morreram. Apenas o bardo mantinha-se sorridente. Os bandidos que ainda não haviam desembainhado suas armas o fizeram, enchendo aquele dia jovial com silvos de espadas cantando ao sair das bainhas. Logo o bardo tinha sua garganta sob a ponta de uma espada.<br />
– Que pretende fazer contra nós? Se eu mexer minha mão rasgo sua garganta. Bardos podem ser sábios, mas parece que não são muito espertos – A líder dizia enquanto pressionava de leve a sua arma no pescoço do desconhecido.<br />
<br />
– Nunca ouviu falar dos rumores sobre “O Bardo e o Bárbaro”? – Dizia ele ainda sorrindo.<br />
<br />
– E quem por essas bandas não ouviu? Mas você está sozinho. Não há bárbaro algum. Pare de blefar e diga logo seu ultimo verso antes de ser atirado pela encosta e para os braços de Sjelkand.<br />
<br />
– Bem... Neste caso vou ter que pedir ajuda ao meu camarada. Vik, por que não se apresenta logo a esses camaradas?!<br />
<br />
Todos acreditaram que aquela era uma patética tentativa de desviar a atenção, porém essa concepção logo mudou. Poucos segundos após o bardo se pronunciar um poderoso urro bestial – que fez lembrar o grito de morte de um demônio das Kormirk – irrompeu de algum ponto às costas do grupo. Antes que algum deles pudesse sequer reagir, dois já haviam caído perante a lâmina do pesado machado de batalha.<br />
<br />
O recém chegado, que mais parecia um gigante em vestes de pele que nada protegiam, continuou com seu ataque. Desta vez os bandidos remanescentes se viraram a tempo de ver aquele novo inimigo girar – como a encarnação da própria fúria – sua arma em mais um do grupo, fazendo com que homem atingido morresse instantaneamente.<br />
<br />
Os três capangas restantes até que tentaram lutar, se reagruparam rapidamente, e foram juntos ao ataque, sabendo que em grupo talvez conseguissem derrubar aquela fera musculosa. No entanto, tal tentativa em nada resultou, pois o bárbaro habilmente chutou o tórax de um dos combatentes fazendo com que este fosse projetado e largasse sua espada, a arma desapropriada foi pega em pleno vôo e usada para aparar um segundo golpe. Para completar aquela complexa dança, o machado desceu mais uma vez, cortando a cabeça do terceiro bandido, que nem mesmo conseguiu chegar a uma distância em que sua lâmina pudesse trabalhar.<br />
<br />
A líder daquele grupo via a cena por cima de seu ombro sem conseguir se mexer. Aquilo viera tão de repente, tão rápido... Eles estavam tão perto daquele saque... Mais uns ataques, mais uma matança e teriam o suficiente: A última parte do segredo para a pedra de Mheadirr e então... Riqueza. Mas todos os sonhos, todos os planos... Tudo. Tudo estava se perdendo ali, na lâmina do machado de um homem enorme que em uma fúria bestial parecia lutar tão bem quanto um demônio.<br />
<br />
– É uma dança linda. Não acha?<br />
<br />
Em seus devaneios de preocupação com seu objetivo e seu colega havia se esquecido que o bárbaro não era o único inimigo. Como poderia lembrar? De um lado um homem franzino e falador, do outro um insano que tomara cinco vidas em poucas instantes. Mas agora estava atenta de novo. Morreria, sabia disso, mas antes iria garantir que a lenda passasse a falar apenas do bárbaro. Sem mais bardos.<br />
<br />
Ela tornou a olhar para frente ao mesmo tempo em que estocava com sua arma, certa de que haveria uma morte... Mas não houve sangue. O bardo havia sacado uma espada curta enquanto ela não olhava e defendeu o golpe com uma calma petulante, como se em nenhum momento sua vida estivesse em risco. O contra golpe foi rápido. Certeiro. Mortal. A arma de Lehnned perfurou o coração da mulher sem nenhum traço de compaixão. Enquanto perdia sua força vital, Tish lâmina felina, líder do bando “Ameaça Atroz”, viu o ultimo de seus companheiros cair sob a força dos golpes do bárbaro. E então chegou aos braços de Sjelkand.<br />
<br />
– Vik, Vik, Vik... – Disse o bardo escondendo novamente sua espada e indo em direção ao companheiro – Que bagunça fizemos aqui, não é?<br />
<br />
Um grunhido foi a única resposta.<br />
<br />
– Não, não... Não precisaremos limpar isso aqui. Nestas redondezas existem animais carniceiros que adorariam um banquete.<br />
<br />
Deu um tapinha nas costas do colega.<br />
<br />
- De qualquer forma, vamos embora. Creio que a atendente da taverna Rabo de Porco pode vir a querer me... Recompensar.<br />
<br />
Sem mais palavras os amigos se viraram estrada adiante, o caminho que os bandoleiros iriam tomar. O bardo logo voltou ao seu bandolim, começando a dedilhar e então a cantar uma famosa canção de viagem. Grunhidos acompanhavam sua cantoria, no ritmo exato em que cantiga era levada. Lutar era a paixão do bárbaro, mas se havia algo que preferia a isso... Era música.<br />
<br />
O bardo e o bárbaro continuaram em frente. Sem se olhar, sem conversar. Tendo entre eles apenas aquela canção...Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-84574178368914294372010-07-19T17:10:00.006-03:002010-07-19T17:14:23.071-03:00Sobre CmyvllaethAgora que Deathaholic já deu um panorama geral da ambientação medieval dele, creio que chegou a minha vez de falar sobre o que ando criando. Porém, temo que meu mundo esteja ainda num estado por demais primitivo, muito ainda não foi definido e muito coisa ainda pode ser mudada. Contudo, tentarei citar algumas coisas que já foram decididas e com isso tentar mostrar uma imagem geral e o rumo o qual pretendo seguir.<br />
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<a name='more'></a>===================================================================<br />
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Cmyvllaeth (pronuncia-se “miv-laé”) é, sobretudo, um mundo de humanos e eles estão no auge de sua desenvoltura cultural, cada vez mais concentrados e desvendar mistérios que cercam seu mundo. Outras raças pensantes existem, mas não tem a inteligencia e o desenvolvimento suficiente para formar um povo, vivendo geralmente em agrupamentos familiares primitivos em locais ermos e longe da crescente civiliação humano.<br />
<br />
Existe magia em Cmyvllaeth. Mas memo sua forma mais poderosa e adatavel é primitiva e custosa. Anos de estudos constantes são nescessários para começar a praticar essa arte e mesmo assim com um alto sacrificio: a propria energia vital. Houve um tempo em que era possivel usar a propria energia do mundo, da propria Cmyvllaeth para realizar feitos magicos; mas essa época mais antiga que qualquer registro à muito se passou e tudo o que resta de evidencia desse periodo são as estranhas ruínas dos Mheadirr (me-a-dír), civilização perdida que remonta aquela época.<br />
<br />
Se feitos magicos são dificeis para humanos, eles devem seguir uma logica diferente com animais. Além das muitas criaturas mundanas, existe um sem numero de feras e animais silvestres (ou até mesmo plantas) com capacidades que poderia ser dita como sobrenaturais. Contudo, se tais feitos são realmente magia ou apenas parte da propria biologia do ser, são questões que ainda são estudadas pelos pesquisadores.<br />
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Não existem Deuses neste mundo. O termo já foi usado algumas vezes mas ele foi logo desacreditado. As pessoas comuns de Cmyvllaeth acreditam nos Dynlaeth (din-la-é), supostos seres que representam a escencia de algo. Acredita-se que exista um para cada coisa e definição do mundo (sentimentos, amor, armas, espada, arvores, azevinho e etc) e cada um desses seres miticos na verdade seria uma faceta de um outro Dynlaeth de “grau mais elevado”, sendo então, no fundo, apenas um amalgama: o proprio planeta Cmyvllaeth.<br />
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Sei que o pouco que escrevi deixa muito a desejar na parte de informar as coisas como realmente são. No entanto este post ficaria muito grande e eu fosse falar com mais exatidão e, como Deathaholic, pretendo ir desenvolvendo esses pontos, e outros, escrevendo contos. <br />
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Primariamente irei falar de apenas um continente de Cmyvllaeth, com o tempo irei desenvolver os outros, ainda tão desconhecidos para mim quanto para os habitantes da terra citada (ainda desprovida de nome), que sabem pouco mais do que a antiga europa sabia sobre o oriente.<br />
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Well, por enquanto é isso. Acho que amanhã posto um conto ambientado neste mundo medieval que por enquanto habita apenas a minha mente.<br />
Até mais o/Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-71300258940133345612010-07-18T21:04:00.005-03:002010-07-18T21:29:19.939-03:00Void TwitterBoa noite (ou qualquer horario que esteja lendo isso) pessoal! o/<br />Esse é um post bem curto. É só para informar que fizemos um Twitter para o blog. Não que seja algo extramamente util ou importante, mas assim quem não tiver conta no blogger ou seja lá o nome da coisa pode ficar informado sobre atualizações daqui \o/<br />Sem contar que pode ajudar tambem em divulgação então não custa nada fazer um Twitter.<br />Well, para quem estiver interessando, aqui vai o link:<br /><br /><a href="https://twitter.com/VoidChapter">VoidTwitter</a>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-53480104879036250752010-07-16T21:57:00.003-03:002010-07-27T04:12:59.287-03:00Contos de Laeria -- Vocação de Kaal (Parte 1 de 2)<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><i>Ano 3011 – Quinta era dos humanos</i> </div><br />
<div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> No meio da sala, Kraal Maase sentiu novamente a pontada de dor na sua cabeça retornar com maior intensidade. Sua reação foi visível e preocupante o bastante para que um dos seus alunos perguntasse se estava tudo bem. Kraal balançou a cabeça com um olhar severo, sinalizando que deviam desconsiderar o que tinham visto. O poder que exercia naquele local era tão intenso que no momento seguinte não se detectava em nenhuma fisionomia qualquer semblante que demonstrasse que algo fora do comum acontecera. “Eles sabem”, pensou Kraal, “Mas por quê me importo?”.<br />
<br />
<a name='more'></a></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Colocou a mão na testa, ajeitou sua roupa de trabalho que consistia em uma camisa de linho encardida, uma calça de couro cru grande demais para ele e um cinto com suporte para uma empunhadura de uma espada curta, fato curioso pois nunca em sua vida sequer pegara em uma arma. Hesitou por um momento em que a sensação desagradável ameaçava voltar antes de prosseguir:</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> –Então, como acabamos de constatar, a influência da cultura do templo de Zhae é muito mais forte ao norte, o que é a causa explícita para o conflito político envolvendo o templo e o reino de Ran, que o contém. Recentemente, Ran não tem ficado nada satisfeito com a interferência do templo no governo, resultando com isso... </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Falava morosamente, discutindo sobre um mundo que estava acontecendo neste exato instante mas sobre o qual não se interessava. O entusiasmo de seus alunos o constrangia, fazia com que gaguejasse frequentemente, com que odiasse estar ali. Verdade seja dita, odiava profundamente seu trabalho toda vez que era obrigado a discutir política. O presente era insosso. Já o passado – ah, o passado – por outro lado, com toda a sua elegância, contos de deuses e magias, o fascinava, o possuía. Assim, não soube como reagir quando, naquele mesmo dia, o passado infiltrou-se em sua aula.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Tinha finalmente chegado ao ápice do seu prazer diário: As eras que deveriam ser lembradas apenas pelos livros, pelas caixas de música, pela própria arte. Tratava do conflito pela magia, uma série de guerras que se espalharam pelo mundo há mais de dois mil anos atrás, disputas pelo conhecimento recém-descoberto de um instrumento antes considerado divino. Alguns mais jovens pareciam pasmos em saber que houve um tempo onde a magia, companheira constante em cada tarefa de suas vidas, era desconhecida. Kraal adorava esse espanto. Observou cada um dos rostos dos que sentavam no chão. A sala estava cheia. Tivesse parado seu olhar pouco antes de vasculhar todo o recinto não teria cruzado o olhar com o estranho senhor que se cobria com um grande lençol, no fundo da sala, deixando apenas a face à mostra. Por um momento, nada lhe ocorreu além da sensação de estranheza, de algo que está fora do lugar. Tentou continuar a aula quando viu que, na lateral do cobertor do estranho, três listras de cada lado cintilaram. </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Seu coração acelerou. Suas pernas vacilaram. A saliva em sua boca parecia prestes a afogá-lo enquanto ele fazia um esforço tremendo para recuperar o ar. Cambaleou. A dor na cabeça. A dor no peito. Anteviu o momento em que quase desfalecia e conseguiu, por pouco, retomar o controle. Mas era apenas temporário. Continuou, nervosamente:</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> – E... Então... Então... Há registros... Sim, registros... Há registros que, muito tempo atrás, pouco antes do início da... da nossa era, e estamos falando de mais de 3000 anos atrás, existiu um herói, não se sabe bem quem, e que e-e-ele fe-fe-fez – Engoliu a saliva nervosamente e tentou fazer contas para se distrair. Continuou – Ele fez alguma espécie de revolução. Salvou o mundo, segundo escritos antigos, valendo lembrar que-que-que mu-mu-mu... “mundo” naquela época eram umas poucas tribos e gens. Aparentemente, esse herói era tão impor-im...impor-... respeitado que o seu desaparecimento pode ter resultado n a primeira grande guerra entre humanos. O que... - Parou. - Bem, me fugiu o que eu ia dizer. Então, evidências apontam que esse herói devia ser humano. Então... Falemos das evidências em um próximo encontro, então? Não me sinto bem.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> A classe desbandou quase toda, alguns cheios de preocupação, outros frustrados pela aula incompleta. O professor não era do tipo de se fazer de coitado. Podia estar queimando de febre que não admitiria a ninguém. Era sua resolução. Mas dessa vez, a primeira, foi necessário.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> O estranho o encarou firmemente quando todos partiram.Kraal desviou o olhar, tamanho era o temor que sentia ao confrontar-se sozinho com o estranho. Estava ciente da identidade do seu observador mas a reciproca não parecia verdadeira. O estranho parecia procurar algo que confirmasse quem era aquele professor amedrontado e encontrou a resposta que desejava na pequena assinatura que se destacava no topo do quadro: Maase-m. Esboçou algo parecido com um sorriso com a sua descoberta e se levantou. Instintivamente, Kraal tocou com os dedos no quadro e fez um leve movimento com o dedo para que o quadro inteiro se apagasse. O estranho pareceu abismado com algo naquela cena, mas continuou seguindo em frente. Um passo, dois passos, três passos. A sala gigantesca parecia menor, mais sufocante a cada passo. Quatro passos,cinco passos, seis passos. Kraal cerrou os punhos e forçou seus joelhos a pararem de tremer. Tentou falar algo, mas o estranho estava a sua frente e a voz não saiu. Foi ele que iniciou o diálogo:</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> – <i>Milaa-antê Saabil Giaema. - </i><span style="font-style: normal;">Saiu sua voz em um tom formal e um pouco arrastada.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> – Não falamos mais Pei-k por aqui. – Respondeu, relaxando. </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> O estranho respondeu apenas com um sorriso singelo.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Fomos dominados pelo império de Rust, que entrou em decadência pouco depois, cedendo nossa cidade ao império de Dzitri, que não é a favor de múltiplas línguas. </span><i>Caüteraisui, Vitemesui</i><sup><i><a class="sdfootnoteanc" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3916058170354708672#sdfootnote1sym" name="sdfootnote1anc"><sup>1</sup></a></i></sup><i>.</i><span style="font-style: normal;"> Falamos a língua de Catí, como boa parte do mundo. Só que a falamos oficialmente.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> – Ah.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> – Então, lhe asseguro que o que você sabe de minha língua é muito mais do que eu sei. Tudo isso aconteceu antes que eu nascesse.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Nomeia-te. </span> </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Bem.. Kraal Maase.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Kraal... Possui “R”.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – ... Como? - Sem notar, quebrou seu giz meticulosamente ritualizado.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – A Pei-k não garantia o “R”. – Deu outro de seus sorrisos indecifráveis enquanto começava a se mover para a porta. Parecia que queria que Kraal o seguisse.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Minha mãe... ela me teve aqui. – O professor tropeçou em seus primeiros passos mas se manteve em pé.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Seu avô me era conhecido.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Creio que não posso dizer o mesmo. Ele morreu de uma forma que eu prefiro não mencionar. Foi... antes que eu nascesse.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Ah.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Bem... esquece. Onde é que estamos indo mesmo? – Olhou ao redor e notou que estavam tomando a direção da saída da cidade.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Cheguei com uma montaria. – O estranho continuou andando, com um passo firme. O que vestia não era uma túnica mas exatamente um lençol branco gigantesco que dava várias voltas em seu corpo. Por baixo, parecia usar trajes elegantes, mas não se podia dizer com certeza. Tudo nele parecia mistério e cansaço.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Então... de onde você veio? – Neste momento, o professor percebeu que esse tempo todo vinha chamando o estranho de “você”.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Estava dormindo. </span> </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Os dois ficaram em silêncio durante um bom tempo. Próximo à saída da cidade, o estranho deu água e comida para uma grande zebra que era a sua montaria.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> –A cidade está mudada. – Falou o forasteiro.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> A isso, Kraal nada respondeu. Mas era verdade que nos últimos anos a cidade de Beenit tinha mudado e nem sempre para melhor. As ruas da cidade estavam cobertas por areia, o piso estava se partindo e as casas tinham uma aparência cada vez pior. A cidade ainda era ponto de referência quando se falava em encantamentos de reprodução de materiais como caixas de música ou livros, fama que Kraal reconhecia não ser mais digna da cidade, que só possuía um punhado de pessoas que ainda exercia a profissão. Ainda assim, toda criança sabia no mínimo copiar uma página pelo método mais amador, mas tinha seus esforços voltados a política desde que um grupo de oficiais de Beenit conseguiram altos cargos no império. Por mais que este súbito interesse tenha beneficiado Kraal, permitindo-o viver uma vida aceitável no ensino, ele não deixava de sentir um grande desapontamento com todo o povo: Estavam decaindo, sedentos por poder e prestígio.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> -Sim... está. Mas olha... – O forasteiro olhou para Kraal enquanto ele juntava as palavras e a coragem para dizer – Eu sei quem você é. </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> -Eu sei. – Juntou um movimento brusco de ajeitar suas roupas com outro de seus sorrisos.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Ficaram em silêncio. A manhã estava acabando e as pessoas se movimentavam para os bares e restaurantes da cidade. Ninguém costumava cozinhar por ali e se uma pessoa porventura contasse de suas aventuras no preparo de uma refeição, seria taxado como forasteiro, cozinheiro ou problemático. Ironicamente, boa parte dos cozinheiros da cidade tinham esses três atributos.</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Seu avô era um grande artista. </span> </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> O sol chegou ao zênite. As pessoas se movimentavam sem parar, entrando nos alojamentos para se alimentar. Kraal não sentia fome alguma. Sua cabeça só doía, suas pernas só tremiam, ele simplesmente sabia o que ia acontecer. </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – Seu único ofício – prosseguiu o forasteiro – é ensinar?</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Sim. Essa poderia ter sido a resposta de Kraal. Tudo terminaria ali, ele viveria sua vida como uma pessoa comum, teria uma vida comum discursando sobre política e história, mas teria uma vida, ao menos. Apenas um sim. </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Mas conhecia a pessoa a sua frente. Ouviu histórias dele por toda a sua infância e toda a juventude. Agora com 27 anos ainda continuava ouvindo através de sua mãe, quando essa tinha forças para falar. Sabia que, como sua mãe, tinha nascido para aquele momento, e até a presente data tinha lutado contra sua predestinação. Contudo, diante daquele ser, ele não conseguiria recuar e viver sem dizer que tentou o que devia ser tentado. </div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="font-style: normal;"> – E-e-eu... Eu sinceramente... Eu nunca... Esse tipo de coisa. Nunca matei, roubei ou espionei. Mas... então... – esboçou um gesto de bravura que saiu mais estúpido que pretendia – Kaal ficaria melhor... Os espiões de Maase não tem “R” em seus nomes.</span></div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;"><br />
</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> Os olhos do homem mudaram de coloração do vermelho para o roxo. Suas pupilas dilataram até serem duas bolas pretas cobrindo sua íris. Por baixo do lençol, Kaal podia ver as duas pequenas listras, membranas lilases logo abaixo da orelha, rutilando. O estranho sorriu, um sorriso absurdo que podia ser tanto de descrença quanto de incentivo. Kaal apenas pôs a mão na testa e escolheu acreditar na segunda opção.</div><div class="western" style="font-style: normal; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div id="sdfootnote1"><div class="sdfootnote-western"><span style="font-size: x-small;"><a class="sdfootnotesym" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3916058170354708672#sdfootnote1anc" name="sdfootnote1sym">1</a>“Um império, uma cultura”. Mote supostamente bradado por Graüma Sacce, terceiro imperador de Qasu, encerrando a discussão sobre a concessão de direitos especiais às províncias que se recusavam a seguir os ritos do império, dando início à guerra de unificação de Qasu em 1922.</span></div></div>Thales Ramonhttp://www.blogger.com/profile/02417603012664422660noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-19732184519232419122010-07-16T19:59:00.010-03:002010-07-16T21:38:06.379-03:00LaeriaA partir de hoje, postarei histórias do meu mundo de fantasia que se chama (tambores) <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">Laeria</span>.<br />
Não tenho pretensão de descrever em um único <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">post</span> esse mundo pois, vasto como o imaginei, isso consumiria muito tempo, muitas palavras e muita paciência do leitor.<br />
<br />
Ao invés disso, eu optei por descrevê-lo aos poucos, pela visão das próprias pessoas do mundo através das histórias e dos documentos deixados por elas.<br />
<br />
Alguns aspectos são importantes para a concepção do mundo na cabeça do leitor e aqui tentarei apontar alguns deles<br />
<a name='more'></a>:<br />
<br />
<ul><li>O mundo é "dividido" em três camadas. A primeira flutuando no céu,composta por umas poucas pequenas ilhas bastante dispersas, ligadas por estradas transparentes, tendo como única exceção uma grande porção de terra para onde quase todas as estradas convergem e que projeta sua enorme sombra na segunda camada. A segunda camada é semelhante mas não idêntica à nossa. As discrepâncias serão exploradas aos poucos. A primeira é a subterrânea e pouco se sabe sobre ela (chegar nela é um mistério conhecido por poucos).</li>
</ul><br />
<ul><li>Existe magia no mundo e seu funcionamento é bem peculiar, e é um dos pontos que mais pretendo explorar em meus documentos.</li>
</ul><br />
<ul><li>Há várias espécies de animais que existem no nosso mundo e não existem lá; há várias espécies que existem lá, mas não existem aqui.</li>
</ul><br />
<ul><li>Três grandes raças se destacam, mas não são únicas no mundo: Os humanos, o povo das águas (Xttwi, como muitos dessa raça preferem se identificar na língua padrão), e os Vullam (também chamados de guardiões). Detalhes sobre cada uma delas nos próximos capítulos.</li>
</ul><br />
<ul><li>A lingua oficial usada para fins diplomáticos é o Catí, nome do mesmo lugar que a originou. </li>
</ul><ul><li>O mundo tem diversas culturas, religiões, povos e formas de governo. </li>
</ul><br />
<ul><li>A história do mundo começa a ser confiavél somente a partir do ano 0. Antes disso, as versões registradas dos fatos não entram em concordância.</li>
</ul><br />
<ul><li>Alguns estudiosos creem que o tempo passa de forma diferente em alguns pontos do mundo e, embora isso não seja comprovado, é amplamente aceito. Essa "diferença", se existente, seria algo de um minuto a cada 300 anos. </li>
</ul><br />
<ul><li>Os contos e histórias se passarão em diferentes épocas, então tentarei localizá-los na história. As histórias mais recentes devem se passar no ano de 3016. Por esse motivo também, não posso falar nesse momento de países mais poderosos ou figuras de destaque.</li>
</ul><br />
Enfim, creio que por enquanto, isso basta. A seguir, com vocês, o primeiro conto passado em Laeria.<br />
<br />
Ideias, sugestões, críticas e acusações de plágio são bem vindas e não serão levadas ao tribunal.Thales Ramonhttp://www.blogger.com/profile/02417603012664422660noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-65529148843545258152010-07-14T20:15:00.009-03:002010-07-15T21:34:45.096-03:00Antologias<div align="justify" style="text-align: center;"></div><div align="justify"><br />Ainda que hoje em dia a publicação de um romance, para um escritor amador, seja sensivelmente mais acessível do que, digamos, algumas décadas atrás, a tarefa continua deveras árdua; uma jornada quase que épica lutando bravamente por um espaço no mundo editorial e literário, sempre tentando vencer o monstro do preconceito que surge por parte das grandes editoras e dos próprios leitores brasileiros – que por vezes parecem considerar que histórias fantásticas escritas por gente de sua própria terra simplesmente não têm como exibir qualidade. Felizmente, em meio à tantas dificuldades enfrentadas por aqueles que tentam seguir o caminho da escrita, se popularizou nos últimos anos – provavelmente devido às facilidades trazidas pela internet e a crescente quantidade daqueles que se aventuram na escrita – um fenômeno que em muito pode ajudar um escritor que ainda não conseguiu o seu renome: as antologias.<br /><br /><a name='more'></a>O termo aparece pela primeira vez no prefacio da compilação do grego Meleagro de Gadara “the Garland”, obra que reúne epigramas – poemas curtos e que apresentam um único pensamento – dele e de outros autores e onde ele teria descrito o que fazia como sendo uma antologia, do grego, “buquê de flores”; com o tempo (muito tempo mesmo) o termo acabou por se popularizar e acabar sendo usado para qualquer coletânea de obras literárias de um ou mais autor.<br /><br />A despeito da origem pródiga e antiga, as antologias as quais me refiro são um fenômeno relativamente recente e não é preciso aprender grego para entendê-las e funcionam de forma bem simples. Em primeiro lugar, tais compilações são “montadas” por via da internet (ou seja nada de atrasos e extravio por parte de correios de competência duvidosa hell yeah!) e a seleção de seu conteúdo em muito se assemelha com um concurso: são abertas inscrições e então aqueles que almejam participar mandam seus escritos seguindo algumas normas (tamanho máximo, tema e etc) e então os organizadores escolhem em torno de vinte contos daquela “safra”, para serem publicados em um livro (um livro físico, não virtual, diga-se de passagem) junto com uma pequena biografia de cada autor.<br /><br />Neste tipo de publicação os direitos sobre cada conto continuam pertencendo aos seus respectivos escritores (se não fosse dessa forma eu nem teria me dado o trabalho de elaborar um post sobre o tema) e o pagamento do autor feito de forma a ajudar tanto na divulgação do livro e no custeio da produção da obra. Normalmente isso acaba por ocorrer sob forma de exemplares que o escritor pode vender sob consignação (dessa forma o risco é da editora, pois exemplares não vendidos podem ser devolvidos, aconselho aos interessados a verificar se a venda é realmente sob consignação) ou então o livro é vendido pela internet sob demanda e os autores têm direito a descontos para adquirir exemplares. Nas duas formas o escritor não paga nada pela publicação e, almejando angariar novos leitores, acaba ajudando na divulgação do livro.<br /><br />Neste ponto, ponderando sobre o que já foi dito, alguém pode pensar: “Certo, certo... a idéia da coisa até que é interessante, mas não vejo sentido em publicar um livro que não é só meu, mas também de um monte de gente que nem mesmo conheço e além disso terei que praticamente trabalhar vendendo se quiser ganhar um pouco de dinheiro sendo que já tive o trabalho de escrever!” É verdade que a grana é pouca e que você vai ter que vender para consegui-la, mas alguém que pensar sobre o assunto com cuidado vai perceber que, neste tipo de publicação o dinheiro envolvido (ao menos para os autores) esta longe de ser o principal ganho, como irei exemplificar.<br /><br />Creio que em primeiro lugar vem a questão da auto-estima. Todos que escrevem e postam seus trabalhos na internet (seja em sites ou blogs) sabem que, mesmo nesse ambiente, existe certa dificuldade em encontrar pessoas dispostas a ler o que foi escrito. Essa falta de retorno muitas vezes acaba por desmotivar o escritor ou, no mínimo, diminuir-lhe o ritmo de escrita, podendo até mesmo levar aos infames e inconvenientes “Writer’s Block”. Chega a ser elementar dizer que: a empolgação de saber que esta progredindo e que agora tem um material com registro na biblioteca nacional; a sensação de folhear um livro contém uma de suas histórias, seu nome sua biografia e ter a certeza de que será lido por pessoas as quais nunca conversou ou teve contato fariam com que qualquer um viesse a escrever com ânimo e ritmo renovado, provavelmente não tendo bloqueios criativos (nada mais que um estado psicológico) por um tempo significativo.<br /><br />Outro ponto a ser observado é o fato de muitos escritores amadores não conseguirem moderar o que escrevem no sentido de se ater à idéia principal de uma cena ou capitulo que estão trabalhando, por exemplo. Tal coisa se não controlada pode levar uma história à perder seu caminho conforme o autor vai, sem querer, se estendendo por tópicos que estavam longe de ser os que pretendia abordar em sua trama; não que subtramas (side-quests para rpgistas) ou detalhes sobre o mundo em que uma história se passa sejam ruins, muito pelo contrario, são ótimos para enriquecer uma obra. Contudo é preciso saber conduzir as cenas e ter um domínio sobre o que se passa, para não correr o risco de deixar algo que foi feito para enriquecer a história mais forte que a própria história, dentro de um mesmo “romance”. Creio que a criação de contos são um ótimo exercício para treinar este domínio, principalmente quando se tem um limite de caracteres à seguir, pois “obriga” o escritor a ater-se em uma única “linha de pensamento”.<br /><br />Não poderia deixar de também citar as facilidades que publicar em antologias pode trazer a um escritor caso ele decida “seguir carreira”. A começar que tal tipo de publicação, por mais que não traga todo o respaldo de um romance próprio, é um primeiro contato com editoras, o que é interessante para começar a ver as “dinâmicas” do mundo editorial, mesmo que só uma pontinha. Sendo que, por mais que seja um crescimento em menor escala, alguém que adquiriu como hábito sempre mandar um texto ocasional quando tiver tempo, vai acabar adquirindo uma “fama”, o que pode facilitar na hora de conseguir contrato com uma editora maior (que se fossem espertar teriam “olheiros” para dar uma olhada em publicações como essa) ou mesmo entrar em um acordo com uma editora menor, porém já velha conhecida devido à presença em múltiplas coletâneas. Na falta de uma publicação grande anterior, ter o nome em varias antologias é “carta de apresentação” melhor do que não ter o nome em lugar nenhum.<br /><br />Por ultimo, mas, como normalmente acontece com o que fica pro final, não menos importante, também tem o fator de conhecer novos autores. Devo lembrar, para os que são mais anti-sociais, que ter uma “rede de contatos” com outros escritores é quase que fundamental. Como mencionado anteriormente, existe uma dificuldade em encontrar possíveis leitores, mas a dificuldade de descobrir pessoas dispostas a criticar e revisar uma história é ainda maior, desnecessário dizer que um colega escritor pode ajudar muito nesse quesito, além de talvez vir a recomendar histórias e livros interessantes (tão importantes para a formação de qualquer um que se propõe à escrever), indicar artigos sobre escrita ou sobre publicação e até mesmo dispor material que ele próprio escreveu para ser avaliado, exercício que pode vir a ser muito construtivo para quem escreve. Isso sem mencionar que, entre tanto preconceito com o escritor brasileiro, é de extrema importância que exista uma comunidade firme, para que, no fim, todos saiam ganhando.<br /><br />Vou me encaminhando aqui para o fim do post. Se alguém ainda persiste com o pensamento de “whatahell, que ganho eu teria escrevendo para uma antologia?”lembro aqui que mesmo em um livro próprio, um romance em uma editora de renome, você ainda assim iria acabar fazendo papel de vendedor, ao citar para todos os conhecidos o livro que publicou e insistir para que comprassem. Se ao invés disso alguém pensar “pra que participar de uma antologia de tema X se eu escrevo no tema Y”... Bem... Creio que o exercício de escrever em outro estilo, em outro tipo de trama é útil para qualquer um que queira crescer enquanto autor.<br />Por fim, se nada disso ao menos despertou o mínimo interesse... Vamos apelar para a matemática.<br /><br />Imaginemos que a antologia teve uns 20 autores. Vamos ver então uma perspectiva um tanto quanto pessimista: cada um deles vendeu apenas 5 exemplares. Isso quer dizer que... Pelo menos 100 pessoas agora tem em mãos um livro que foi escrito, em parte, por você! Olha que legal! Isso sem contar a cota que irá para livrarias depois de um tempo, promovendo e expandindo cada vez mais os horizontes dos escritores brasileiros e também das editoras que se propõe a publicar material nacional. </div><div align="justify"></div><div align="justify"><br />Well, encerro aqui este post, que também é meu primeiro neste blog. Espero que tenha agradado. Como sempre, recomendo qualquer tipo de critica \o<br /><br /><br />Segue alguns links de antologias que conheço:<br />Cruzadas - Histórias medievais <span style="color: red;">http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98308155</span><br />Sinistro - histórias de terror <span style="color: red;">http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=55766008</span><br />Solarium - ficção cientifica <span style="color: red;">http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=74823305</span><br />Caldeirão da bruxa - histórias envolvendo magia <span style="color: red;">http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98308110</span><br />Histórias fantásticas - histórias sobre fantasia <span style="color: red;">http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=100407857</span><br /><br /><br /><br />ps: desculpa a demora na postagem. Acontece que meu computador foi para a manutenção há uma semana e os infelizes nem disseram o problema agora. Já Deathaholic estava fazendo experiencias no linux dele e acabou por mandar o mesmo para a PQP.</div>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3916058170354708672.post-77915738940378874942010-07-06T19:57:00.012-03:002010-07-06T20:13:55.775-03:00Apresentação<div style="text-align: justify;"><blockquote>Hail! Para dizer a verdade, seria bem próprio aproveitar o post inicial desse blog para fazer uma breve introdução sobre o que se pretende dele, traçar seus objetivos e elucidar a um talvez eventual leitor a que viemos. Contudo, a impropriedade parece se apossar dele nesse exato momento quando eu sou obrigado a confessar que, de minha, e creio poder dizer, de nossa parte, não fazemos a menor idéia do que – exatamente – estamos fazendo aqui.</blockquote><blockquote><a name='more'></a>Esse blog surgiu (não que isso interesse a alguém, mas parece ser de praxe então vamos nos misturar!) de uma idéia, que surgiu de uma noite de tédio, fruto de centenas de dias improdutivos gerados pelo nosso desleixo com o rumo de nossas vidas e em algum nível a nossa não intensa sociabilidade. Bem, entra como personagem em algum lugar nossa grande paixão pela escrita e nosso desejo de produzir algo relevante, nem que seja um contra-exemplo. O intento originalmente partiu de Ryuuzaki, e o desenvolvemos no curso de um longo dia. Foi quando, chocados, descobrimos que não sabíamos o que postar e qual nome dar a ele.Optamos por algo na linha de criação, escrita, voltado principalmente para o gênero de fantasia e ficção científica. Aqui, pensamos em colocar a história de nossos mundos, idéias soltas de personagens e cenários, discursar sobre o próprio ato de escrever e como tentamos desenvolver nossas histórias, fazer críticas de livros ou filmes relacionados ao tópico. Ou podemos simplesmente postar algo randômico. Tanto faz.<br />
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Quanto ao nome, foi escolhido para simbolizar o próprio ato de escrever, forte, absorvente, imersivo, com nossas palavras sendo lançadas, quem sabe, em direção ao nada, em capítulos de histórias nunca talvez novamente reproduzidas, esvaziando-nos aos poucos, preenchendo com o âmago de nosso ser cada linha renhida de páginas que poderiam muito bem ser nossa própria carne. E não por juntarmos um termo de uma função de programação com uma palavra qualquer referente a escrita. Certamente não.<br />
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Enfim, creio ter escrito palavras a mais do que deveria. Apenas convido ao estranho de passagem por esse pequeno blog que tome um tempo para explorá-lo, oferecer sua crítica e/ou opinião ou apenas ler (ou apreciar o layout e roubar o papel de parede). Até breve. Com a palavra, Ryuuzaki.<br />
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P.S.: Acabei não falando quem somos, mas quem se importa?<br />
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Ass: Deathaholic<br />
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Ser o segundo a falar em um post é uma tarefa mais complicada do que imaginei primariamente. Além de ter a árdua missão de comentar sobre pontos que não foram citados – e eles me pareceram, para meu desespero, quase inexistentes – tenho que comedir o que falo, até mesmo entreter, afinal o leitor já esta um pouco cansado e certamente não quer perder muito tempo com a apresentação de dois sujeitos quaisquer. Creio que não conseguirei atingir nenhum dos objetivos, mas, bem, pelo menos não posso dizer que não tentei, não é mesmo?<br />
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Primeiramente, gostaria de elucidar sobre a “idéia” de criar o blog. Do jeito que Deathaholic expôs a coisa, “... partiu de Ryuuzaki”, talvez tenham a impressão que eu cheguei com tudo planejado, expliquei para ele como eu imaginava a coisa, defini planos e formas de angariar mais leitores e qualquer outra coisa que se faz ao elaborar um site planejado. Seria epic win se tivesse sido dessa forma, mas está em completo desacordo com o que realmente aconteceu.<br />
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É verdade que tive certa “inspiração” nos blogs de conhecidos meus (Kamui, Heitor, Luiz Dreamhope e Daniel), os quais eram usados para a postagem de histórias e outras coisas, entretanto, mesmo considerando o conceito interessante, nunca tive muita vontade de criar algo parecido – ou qualquer tipo de blog, aliás. Porém, devido ao tédio e a mais absoluta falta do que fazer, falei com Deathaholic no MSN – sequer considerando a idéia que eu estava propondo – as seguintes palavras “Vamos fazer um brog \o/”; fui então prontamente respondido “vamos :B”, então ficamos alguns minutos sem falar nada, imaginando como fazer um blog interessante e o que diabos colocar nele e perguntando um ao outro se já tinha criado a pagina. Depois disso perdemos algumas muitas horas decidindo coisas como objetivo e nome, como Deathaholic comentou.<br />
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Lendo e relendo o escrito de meu colega não achei nenhum ponto importante que ele não tenha deixado de citar; há uma coisa, porém – sem muita importância talvez – que foi deixada como gancho por ele mesmo: Quem somos. Sobre isso não tenho muito a falar, mas, pelo menos pode sanar alguma curiosidade.<br />
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Eu e deathaholic moramos em salvador. (É, lá mesmo, na Bahia, acarajé, praia, sol, sotaque diferente do da globo e etc) Estudamos na UNEB e fazemos Sistemas de informação (shame on us por não conseguir fazer um layout mais legal), sou conhecido como Ryuuzaki em cantos obscuros da net e como Kobold na faculdade, ele é conhecido como (advinhem) deathaholic em muitos dos mesmos lugares obscuros (ou não) e como “o terror do Ragnarok” entre colegas de faculdade (tudo bem, não é conhecido assim), nós dois gostamos de nossos amigos e amamos Pokémon.<br />
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Tudo bem, foi um quem somos nós muito ruim. Mas, “e quem se importa?” Termino aqui essa apresentação não com algo inovador ou diferente, mas falando o que todos sempre falam:<br />
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Aceitamos qualquer tipo de critica, sugestão, opinião e etc. Comentários são legais, não deixe de mandá-los se quiser falar alguma coisa. Somos iniciantes em blog stuff, mas acho que iremos nos esforçar. Well, sintam-se bem vindos e muito obrigado aos que leram até aqui.<br />
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by Ryuuzaki<br />
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E-mail para contato: <span style="color: red;">renanbarcellos@gmail.com</span><br />
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<div style="text-align: justify;">Se quiser pode mandar e-mail \o/.</div></blockquote><div style="text-align: justify;"></div></div>Ryuuzakihttp://www.blogger.com/profile/06581326232664150905noreply@blogger.com8